Gabi Oliveira: “Nós, mulheres negras, só descobrimos nossa beleza tardiamente”

Inteligente, empoderada e linda, nós de All Things Hair apresentamos a youtuber Gabi Oliveira, do canal DePretas. Uma das integrantes do time das embaixadoras de Seda, ela é dona de um maravilhoso cabelo crespo tipo 4C. Gabi tem voz ativa sobre assuntos importantes que precisam ser debatidos na nossa sociedade atual, como beleza negra, representatividade e relações raciais. Aos 25 anos, possui mais de 30 mil seguidores no Instagram e já conquistou mais de 2 milhões de visualizações no seu canal. Ficou com curiosidade de conhecê-la? Basta ler a entrevista exclusiva que fizamos! Confira a conversa completa abaixo:

ATH entrevista Gabi Oliveira

All Things Hair: Como você cuida do seu cabelo?

Gabi Oliveira: Cabelos crespos costumam ser bem mais secos, o que diminui a necessidade da lavagem diária, como acontece com os cabelos lisos. Então, nos dias que eu lavo os fios, faço uma umectação durante à noite e, no dia seguinte, lavo com shampoo ou só com condicionador e uso uma máscara de hidratação. Depois, finalizo usando óleo de coco e um creme para pentear.

ATH: Você passou pela transição capilar? Como foi?

Gabi Oliveira: Sim, eu passei pela transição capilar. Eu considero esse período um divisor de águas na minha vida, porque foi quando descobri muitas coisas, inclusive minha própria beleza. Comecei a utilizar químicas transformadoras aos quatro anos, por isso, eu não fazia ideia de como era o meu cabelo. E, também, eu jamais pensei que daria para usá-lo de forma natural por conta da imposição de que só cabelos lisos eram aceitáveis. Porém, durante a transição eu comecei a ver beleza em meninas com cabelos parecidos com os meus e, assim, pude perceber como meu cabelo natural combinava comigo, independente de qualquer padrão estabelecido.

Veja tudo o que já saiu sobre transição capilar em All Things Hair.

ATH: Quais dicas você dá para as meninas que estão passando pela transição capilar?

Gabi Oliveira: A principal dica que dou é para que elas busquem referências parecidas com elas para se inspirarem e, também, pessoas para ajudá-las a passar por essa fase difícil, mas que vale a pena.

ATH: Quais penteados você gosta de fazer no seu cabelo? 

Gabi Oliveira: Meu cabelo, atualmente, está curto, o que faz com que eu não use muitos penteados. Mas eu gosto muito de usar tranças estilo rastafári. Também uso muito turbante, bandanas e lenços.

ATH: Como e porque você decidiu fazer um canal no Youtube?

Gabi Oliveira: Eu iniciei o canal por uma necessidade de compartilhar com outras pessoas o conhecimento que eu só tive acesso na universidade. O canal, então, serviu como uma ponte entre assuntos acadêmicos e pessoas que, talvez, nunca teriam a oportunidade de acessar esses temas se não fosse pelo Youtube.

ATH: Quais assuntos você aborda no seu canal DePretas?

Gabi Oliveira: No meu canal eu falo do cotidiano de mulheres negras, estética e relações étnico-raciais, no Brasil. Sempre que possível, trato os assuntos com bom humor, até porque, acredito que o que contribui para uma melhora da sociedade não necessariamente precisam ser tratados de forma pesada e impositiva. Além disso, procuro sempre trazer uma linguagem mais simplificada e fazer analogias com coisas comuns, para tentar aproximá-las o máximo e trazer maior entendimento.

ATH: Acredita que a beleza negra é tratada com a devida proporção nas mídias? Como podemos colaborar para isso?

Gabi Oliveira: Por muito tempo no Brasil nós, população negra, lutamos por representatividade, porém, é chegado o momento de lutarmos por proporcionalidade. É vergonhoso como as mídias tratam a questão da diversidade, sempre com a mesma fórmula: dez pessoas brancas e uma negra. Isso, para não serem acusados de falta de diversidade. O problema está aí. Não se muda a mentalidade, só se fazem ações (mal feitas) com o uso de cotas. Para que uma mudança real aconteça é necessário uma mudança nas estruturas das mídias, com o entendimento real da importância da diversidade nos meios, inclusive da importância econômica.

ATH: Quais resultados você já teve de respostas do público? Algum depoimento de alguma seguidora te marcou?

Gabi Oliveira: Eu já perdi as contas de quantas vezes chorei lendo comentários de quem assiste meu canal. Acredito que esse retorno que o Youtube traz é o que mais me impulsiona a continuar. Normalmente, os que mais me marcam são os de adolescentes contando sobre as suas dificuldades com a autoimagem e falando como eu as ajudei a se aceitarem. E esses me emocionam por saber o quanto seria significativo para mim nessa época ter alguma referência positiva parecida comigo em alguma mídia, coisa que não existiu.

ATH: Você acha que a estética pode der usada para abrir discussão sobre assuntos importantes, como a questão da mulher negra na sociedade?

Gabi Oliveira: Sim, com certeza. A estética, além de ser um assunto que me interessa pessoalmente, pois a maioria de nós mulheres negras só descobrimos nossa beleza tardiamente devido aos padrões impostos, entendo-a como isca para trazer pessoas de diversas camadas sociais para o canal.

ATH: Qual mensagem você deixa para os seus fãs?

Gabi Oliveira: Meu desejo é que os meus seguidores descubram o melhor que têm em si e, assim, compartilhem com mundo. Permitam-se. Não se cobrem muito. E, aceitem-se.

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