Como é ser mulher empreendedora no Brasil? Gleici Duarte fala sobre os desafios
Para celebrar o Mês da Mulher, batemos um papo com seis influenciadoras de ATH com diferentes perfis e trajetórias para traçarmos um panorama do que é ser mulher no Brasil de hoje. A primeira entrevistada é a super Gleici Duarte: dona de um salão de beleza, ela contou pra gente tudo sobre empreendedorismo feminino
O empreendedorismo feminino mostra cada vez mais sua força e é fonte de renda e empoderamento para mulheres do mundo inteiro. No Brasil, ser dona do próprio negócio está mais em pauta do que nunca e gera importantes debates sobre nosso espaço e protagonismo no mercado.
Em meio a tantas líderes incríveis, está a Gleici Duarte, que é dona do salão Cor e Cacho, em Brasília, além de youtuber de sucesso: seu canal tem 180 mil inscritos que acompanham seus vídeos sobre cabelos ruivos, entre outros temas. Conversamos com ela para entender quais são os desafios que ela encontrou pelo caminho quando resolveu empreender. Confira!
Bate-papo com Gleici Duarte sobre empreendedorismo feminino
ATH: Você é proprietária de um salão de beleza especializado em ruivos e cachos. Como é ser uma mulher empreendedora no Brasil?
GD: Eu senti uma barreira a partir do momento em que procurei me especializar como empreendedora e empresária, mas não como profissional cabeleireira. A quantidade de homens nos cursos e consultorias empresariais é bem maior do que a de mulheres.
Com certa frequência, preciso alterar meu tom de voz para ser bem atendida e ouvida, e também lidar com assédio em meios dominados por homens dentro da cadeia de fornecedores e prestadores de serviço. Mas acredito que mulheres lidam melhor com adversidades e conseguem ter mais empatia como líder. Temos um grande espaço para ser alcançado.
ATH: Acredita que as mulheres se deparam com obstáculos maiores e mais desafiadores na hora de criar e administrar seu próprio negócio?
GD: Absolutamente. Mesmo que o negócio seja num ramo estereotipado feminino, ser uma líder mulher é algo que assusta e intimida. Ter uma personalidade forte, ser determinada, metódica e diferenciada são fatores que acompanham o ato de empreender, e essas características podem ser facilmente distorcidas e diminuídas se lidas com um tom sexista.
Também lido frequentemente com a síndrome de impostora, uma sensação de que não estou sendo boa o suficiente no que eu faço como administradora, porque ocupo um espaço tradicionalmente masculino e, por isso, me cobro mais e sempre busco reconhecimento. Essa sensação é algo compartilhado por algumas amigas em posições importantes dentro de empresas, logo, considero algo comum que precisa ser mais debatido.
ATH: É fato que as mulheres estão empreendendo cada vez mais. O que ser dona do próprio negócio pode trazer de positivo?
GD: Abrir o próprio negócio é algo desafiador, mas muito gratificante. Nos faz explorar coisas novas e buscar caminhos e resoluções diferentes todos os dias. É muito importante explorar nossos pontos positivos e principalmente reconhecer os pontos fracos e trabalhá-los, para melhorar como pessoa e como alguém que chefia e cuida de outras pessoas.
ATH: Conte um pouco pra gente sobre o Cor e Cacho, seu salão. Como surgiu a ideia de criar esse espaço?
GD: Eu sempre trabalhei com as minhas redes sociais, e tinha muito conhecimento técnico sobre cabelo, mas faltava a prática e não tinha a menor ideia de como administrar uma empresa.
Um certo dia comentei com a minha cabeleireira que eu gostaria de abrir uma loja especializada em ruivas e cacheadas, e ela disse que queria expandir o salão dela. Fizemos um contrato de sociedade, me especializei como profissional cabeleireira e fiz cursos de empreendedorismo.
Com apenas três meses abrimos a Cor e Cacho, e hoje, com oito meses de empresa, já temos o projeto de expansão, espaço para cursos e capacitações, além de outros projetos paralelos.
Hoje, minhas redes sociais são a maior fonte de novas clientes, e tenho uma visão diferenciada de como deve ser o marketing e exposição dos nossos trabalhos online para atrair mais pessoas.
ATH: Qual conselho você daria para as mulheres brasileiras que estão começando a empreender?
GD: Não sejam cegamente apaixonadas por uma ideia e não invistam dinheiro e energia antes de estudar, calcular, pesquisar e buscar ajuda sobre o assunto. Não tenham vergonha de perguntar nada a ninguém – nenhuma pergunta é boba se você não conhece sobre algo.
Façam cursos de empreendedorismo e busquem consultorias no SEBRAE, isso ajuda muito e eles dão descontos bem altos para quem está começando. Também pesquisem sobre como fazer um plano de negócios. Tendo toda essa teoria em mãos, agora sim é a hora de colocar sua paixão e entusiasmo e analisar se encaixam dentro de um modelo de negócio que funcione.
ATH: Vamos falar sobre cabelo: de que forma a transformação do visual pode ser um instrumento de libertação e empoderamento para as mulheres?
GD: Trabalhar com cabelo vai além do supérfluo. É expressão, autoestima, e também saúde.
Um cabelo conta muitas histórias. Muitas vezes, clientes nos procuram apenas para se sentirem seguras sobre suas escolhas ou para mudarem externamente algo que estão mudando internamente.
Participar dessa mudança não tem preço, e me faz sentir que estou no caminho certo todos os dias.