Reabertura dos salões de beleza: como os espaços se adaptaram à nova realidade
O novo coronavírus e seu alto risco de contaminação em ambientes fechados fizeram o setor adotar medidas rigorosas de higiene para reabrir. Acompanhe os desafios de readaptação e o que está sendo feito para preservar a saúde tanto dos clientes quando dos funcionários
O que você vai precisar
A pandemia causada pelo novo coronavírus isolou milhões de brasileiros em casa desde março. Com isso, salões de beleza e outros estabelecimentos fecharam suas portas para preservar a saúde de funcionários e clientes e aumentar a taxa de isolamento social. Em julho, com o plano de flexibilização adotado por diversas cidades do Brasil, a reabertura dos salões de beleza foi liberada, junto a outros comércios de atividades não-essenciais – mas não sem adotar protocolos com normas rígidas de biossegurança.
Se você ainda não pisou em um salão e quer saber como tudo vai ficar daqui pra frente – até, pelo menos, chegar a vacina -, este é o artigo que você precisa ler para tirar todas suas dúvidas.
Os impactos no setor e a nova realidade dos salões em tempos de pandemia
A crise bate e fecha a porta
O impacto econômico sofrido pelo segmento foi dos fortes. Com o faturamento comprometido por meses, foram muitos os salões de beleza que tiveram de fechar suas portas em definitivo e fazer demissões – e, os que conseguiram segurar as pontas, perceberam a necessidade de negociar com seus fornecedores para manter o quadro de funcionários.
Esse novo cenário, de fato, obrigou muitos profissionais a reinventarem-se de diversas formas. “Esse período se tornou um dos marcos nas consultorias online, além do aumento de tutoriais e lives no Instagram. Isso deu uma boa sacudida no mercado”, destaca Daniel Lacerda, beauty artist e sócio do salão CAB.
Além disso, muitos salões passaram a comercializar vouchers para seus clientes adquirirem serviços que poderiam ser realizados após sua reabertura – uma forma de apoiar a saúde financeira dos estabelecimentos.
Foi o caso do Blu Jack’s Studio: “Enquanto estava fechado, lançamos campanhas pelas redes sociais e também via WhatsApp. Os clientes pagavam por meio de depósitos ou pagamento online”, relata Bruna Jacopetti, proprietária do espaço.
Enquanto isso, alguns empreendedores apostaram em outro modelo de negócio: os serviços em domicílio, em que os profissionais do salão, devidamente paramentados e com material higienizado, iam até a casa do cliente para atendê-lo.
Os funcionários do salão Lefil Beauty chegavam até mesmo a levar lavatórios portáteis para oferecer a experiência completa. “Fizemos isso para atender algumas pessoas que precisavam dos serviços e não tinham alternativas. Mas a adesão foi pequena, pois todas estavam muito assustadas. Os clientes faziam o agendamento e, no dia, desmarcavam”, relembra Eny Curtolo, proprietária do espaço.
Por outro lado, houve quem tenha optado pela suspensão de todos os serviços. “Achamos a logística de continuar atendendo em casa muito complicada para nós naquele momento. Resolvemos focar nas adaptações do espaço para abertura”, conta Carla Carvalho, CEO do salão Meu Cabelo Natural.
No salão Bispo Hair & Cia., a decisão foi a mesma – principalmente pelo fato de seu público preferir não receber nenhum tipo de profissional em casa. “Nosso auxílio aconteceu online. Tiramos dúvidas e tentamos ajudar nossos clientes de forma que conseguissem executar o serviço sozinhos”, explica Anderson Bispo, proprietário do salão.
A preparação para a reabertura
Enquanto o decreto de reabertura era ansiosamente aguardado, donos de salões se empenharam para readaptar seu espaço às novas exigências que viriam a seguir.
“Logo após o segundo mês diante das notícias, passei a fazer pequenas manutenções no salão, como pintura com tinta apropriada para limpeza, limpeza com produtos de específicos… Tudo isso aconteceu porque tenho clientes da área da saúde que já me informavam sobre esses procedimentos”, comenta Anderson Bispo.
A proprietária do Lefil Beauty, Eny Curtolo, conta que, depois de assistir a reportagens de países que estavam saindo da quarentena, decidiu mesclar novas medidas adotadas pelos salões de beleza lá de fora com as utilizadas por restaurantes.
“Começamos a comprar EPIs (equipamentos de proteção individual) e contratar fornecedores para instalações de divisórias entre lavatórios, fazer o fechamento com acrílico das recepções, criar biombos para colocação entre as cadeiras, entre outros medidas”, afirma ela.
Para apoiar as micro e pequenas empresas do setor (que está entre as mais afetadas pela crise gerada pelo COVID-19), o SEBRAE criou, inclusive, um protocolo com orientações que ajudaram – e continuam ajudando – a garantir a sobrevivência dos negócios enquanto funcionam de forma restrita. O e-book, que é bastante completo e didático, pode ser lido no site da entidade.
Enfim, o “novo (a)normal”
Entre o dias 6 e 7 de julho, com o aval da prefeitura, aconteceu a reabertura de boa parte dos salões de beleza na cidade de São Paulo. A forma como a população reagiu à novidade variou: teve gente muito aliviada em saber que poderia voltar a frequentá-los, outra parcela ficou indignada com uma possível retomada precoce, houve quem tenha sentido medo, mas marcou um horário mesmo assim…

“Por aqui, muitos clientes ainda têm receio de vir ao salão, perguntam quais medidas de higiene adotamos e como estamos realizando os atendimentos. Podemos afirmar que tivemos uma diminuição na demanda, mas acredito que voltar ao fluxo como era antes da pandemia ainda vai demorar”, acredita Bruna Jacopetti, do Blujack’s Studio.
No salão Meu Cabelo Natural, Carla Carvalho conta que os clientes têm aderido bem aos novos protocolos de atendimento neste novo “anormal”, como ela mesma brinca. “A grande maioria se sente confortável em vir ao espaço. O desafio está em atender menos pessoas diariamente para que não haja aglomeração”, pondera.

Eny Curtolo, do Lefil Beauty, também destaca a importância das publicações nas redes sociais do salão para passar segurança pros clientes. “Percebemos que muitos continuam assustados e preferem ficar em casa. No entanto, quando ficam sabendo ou assistem nossos vídeos em operação, comprovam que temos um protocolo de biossegurança acima da média e passam a agendar os serviços”, afirma a empreendedora.
O fato é: os salões já reabriram há pouco mais de um mês e, independentemente das opiniões divergentes sobre a decisão da prefeitura, é preciso continuar investindo pesado na segurança dos clientes e funcionários para os estabelecimentos manterem suas portas abertas. E uma lista imensa de normas rígidas precisa estar em dia para isso.
Protocolos de segurança
Vamos começar por aqueles beijos e abraços carinhosos que eram comuns na relação entre cabeleireiro e cliente: por enquanto, a gente vai ter que manifestar nosso afeto de outra forma. “O carinho, ainda que não seja físico, tem que ser dobrado”, fala Daniel Lacerda, do CAB.
Depois, vem toda aquela parte técnica que precisa ser rigorosamente respeitada. Entre os principais cuidados, estão:
- Redução do horário de funcionamento
Os salões passaram a funcionar apenas seis horas por dia. - Mudança no agendamento de horários
Os intervalos entre um atendimento e outro passaram a ser maiores – alguns salões estão marcando serviços a cada uma hora e meia, por exemplo. E os encaixes, que eram bastante comuns, foram abandonados. - Entrada sem acompanhantes
Levar a mãe, os filhos, a amiga ou o cachorro para o salão: melhor não. A entrada com acompanhantes deve ser evitada ao máximo. “No Meu Cabelo Natural, permitimos apenas em casos extremamente necessários, como idosos ou crianças”, enfatiza Carla Carvalho. - Higienização desde o primeiro contato
Ao chegar, os pés devem ser higienizados em tapetes sanitizantes e álcool em gel deve ser aplicado nas mãos. - Checagem de temperatura
Quem estiver com a temperatura corporal elevada, seja cliente ou funcionário, precisa voltar para casa. - Uso de máscara
É obrigatório para todos. Os funcionários do salão, no entanto, estão duplamente equipados com toucas e aventais, todos descartáveis e trocados a cada cliente – além da máscara facial e do face shield“, lista Eny Curtolo, do Lefil Beauty. - Uso do álcool em gel
O produto passou a ser disponibilizado nos diferentes ambientes do salão. - Maior espaçamento para evitar aglomerações
Foi preciso reduzir o número de cadeiras e distribui-las de forma mais espaçada no ambiente. “Mesmo nosso espaço sendo pequeno – o que pode ser um desafio -, é preciso posicionar as cadeiras na distância permitida”, saliente Bruna Jacopetti, do Blujack’s Studio. - Cuidados com acessórios
“Limpamos os filtros dos secadores todos os dias. Já escovas de cabelo e acessórios do tipo deixamos numa solução de sal quaternário de amônia por 10 minutos logo após o uso”, descreve Daniel Lacerda, do CAB. Depois, eles devem ser embalados individualmente. - Limpeza frequente
Bancadas, cadeiras, maçanetas, banheiros… A higienização dos ambientes precisa acontecer diversas vezes ao dia com produtos específicos e de linha hospitalar. - Serviços suspensos
Alguns estabelecimentos preferiram suspender temporariamente alguns deles que exigem contato mais próximo, como micropigmentação e barba. - Atenção com os serviços mais longos
Se você pretende fazer mais de um serviço que demande tempo no mesmo dia (como reflexos, alongamentos, progressivas…), informe-se antes sobre essa possibilidade no seu salão. Enquanto alguns preferem que o cliente marque todos os procedimentos que quiser – pois, assim, ficam com poucas pessoas circulando no ambiente – outros optam por não executar mais que um serviço longo no mesmo dia para reduzir o tempo do cliente no salão. - Confraternizações: nem pensar!
Muitos salões promoviam eventos, até mesmo em espaços externos, e confraternizações eram bem comuns. “Nossos clientes adoravam. Mas, com o atual cenário, tivemos que enviar um comunicado pelo Whatsapp para pedir que cheguem perto do horário agendado e saiam logo após o procedimento”, detalha Anderson Bispo, do Bispo Hair & Cia.
De olho lá na frente
Não se espante se, de agora em diante, você parar seu carro no estacionamento do salão e, ao sair do veículo, o manobrista vestir o banco com uma capa descartável para, só então, entrar nele. E não estranhe também quando, na entrega do carro, o profissional higienizar volante, freio de mão, painel, porta, chaves…
Pode parecer clichê, mas o futuro já é agora – e precisamos nos adaptar à essa rotina de cuidados quadruplicados. “Nossa forma de viver mudou bastante. A higiene frequente das mãos, o cuidado com onde tocamos, como espirramos e tossimos… Penso que tudo isso permanecerá no nosso dia a dia. Os salões precisam cada vez mais se adaptar a essa realidade. As pessoas vão buscar lugares cada vez mais seguros, calmos e preocupados com a saúde de maneira integral”, enfatiza Carla Carvalho, do Meu Cabelo Natural.
“Eu, particularmente, não acredito que o tempo dentro dos salões irá diminuir. Mas, de fato, os clientes estarão mais exigentes e irão procurar lugares que passem a maior segurança possível. Os estabelecimentos não exploravam tanto esse lado e, com certeza, o futuro dos salões é investir em processos que facilitem todos esses novos protocolos”, finaliza Daniel Lacerda, do CAB.
Sugestão de produtos
Tenha você voltado ou não a frequentar os salões, saiba que, ainda assim, é importante manter uma rotina de cuidados com os cabelos em casa. Para a manutenção no dia a dia, a gente indica a dupla de shampoo e condicionador Dove Nutrição Óleo-Micelar, que proporcionam brilho, leveza e força desde a primeira lavagem, além de proteger os fios por até 48 horas do ressecamento.
Seguir um cronograma capilar, de acordo com as necessidades do seu cabelo, também é uma boa ideia. As máscaras de tratamento Seda Boom Hidrata, Nutre e Restaura oferecem todos os nutrientes necessários, restaurando a saúde das suas madeixas em poucas semanas.