Barbara Thomaz: cabelo e maternidade na desconstrução do conceito de feminino
A apresentadora deu ao All Things Hair uma entrevista recheada de sinceridade e temas polêmicos que precisam ser conversados já!
Você já deve conhecer Barbara Thomaz, 32 anos, de vários programas de TV e revistas, certo? A apresentadora já teve cabelão, cabelinho e também raspou a cabeça: uma experiência capilar completa que muitas mulheres acham, no mínimo, corajosa. All Things Hair conversou com Barbara sobre vaidade, maternidade e como os cabelos podem ser um emblema de ação simbólica na reconfiguração do feminino. Confira abaixo a entrevista extremamente sincera, inteligente e lúcida que ela nos concedeu.
Cabelo e maternidade na desconstrução do conceito de feminino
All Things Hair: Uma das suas marcas registradas era o cabelo ruivo longo e com franja. Como foi optar pelo cabelo curtinho?
Barbara Thomaz: Foi muito natural, depois de tanto tempo seguindo o mesmo corte, me sentia engessada em uma moldura e isso me incomodava. Eu sou diversa. As mudanças pessoais estavam gritando e não mais me identificava com aquela imagem que imprimia. Tudo é mensagem e foi orgânico ajustar este diálogo.
Outro ponto é que, dentro do meu limiar de paciência, sempre achei muito trabalhoso mantê-lo e sou mais do tipo que prefere gastar meu tempo em momentos que me dão prazer de verdade. O pontapé final foi o Theodoro, 6 meses na época, que se enroscava, babava, puxava e colocava na boca quando estavam soltos. Juntei tudo isso e me livrei de 45cm de cabelo. Puro alívio.
ATH: Essa foi a sua primeira experiência com cabelo curto?
Barbara Thomaz: Minha primeira experiência foi aos 6 anos quando pedi à minha mãe um corte de cabelo igual ao dela. Ela sempre teve cabelos curtíssimos, achava lindo e também forte, mesmo com toda sua delicadeza. Quando cortei foi uma confusão… Sempre fui tida como molecona, mas uma simples ida ao banheiro passou a gerar pequenos transtornos, como funcionárias tentando me tirar do banheiro feminino e pedindo para checar com meus pais qual era meu gênero de fato.
Sem falar no bullying na escola que dispensa comentários, afinal, todos já estivemos em uma. Não tive recursos para bancar ele curtinho depois de ter passado por isso. Gerou em mim um desconforto desnecessário, ofensas que me magoaram e situações constrangedoras mas plantou uma sementinha importante e muitos questionamentos sobre como a sociedade lida com essas questões estéticas, de padrões de beleza e de gênero.

ATH: Quem corta seus fios?
Barbara Thomaz: Hoje me divido entre dois profissionais. Tem o Roni Lacerda, do Studio W, que foi uma recente e grata surpresa e a Déborah Gotlib, da Casa Júpiter, uma amiga querida, visagista, um ser de outro planeta. Ela saber ler almas e faz brilhar, de dentro para fora e de fora para dentro, tudo o que toca. Foi com ela que raspei os cabelos e entendi que não precisava mais de grandes proteções, que a minha armadura era outra.
ATH: O que já fez no cabelo que não faria mais?
Barbara Thomaz: Nunca direi nunca! rs
ATH: Qual o seu principal conselho capilar?
Barbara Thomaz: Seja fiel à sua verdade e não a dos outros. Divirta-se com isso.
ATH: Você se lembra como era a sua vida antes de ter filhos? E como era a sua rotina de cuidados e beleza nessa época?
Barbara Thomaz: Claaaaro que lembro… Os pesos, as responsabilidades e a pressão eram outros. Nunca fui disciplinada quanto aos cuidados de beleza, então a rotina continua a mesma: passo quando dá, quando lembro ou se preciso. Mas também abri mão de muita coisa naturalmente. Exemplo: lutar contra celulite. Somos mulheres, mulheres têm celulite e ponto, é biológico. Esse é um clássico exemplo de como a sociedade pode transformar nossa natureza em uma batalha exaustiva, onerosa mas, acima de tudo, que se desdobra em paranóia, em desamor ao nosso próprio ser. Não vinculo esse crescente desapego aos meus filhos mas ao tempo e a informações importantes que viraram chaves preciosas dentro de mim.
ATH: O corpo fica em ebulição hormonal durante a gravidez. Um dos pontos positivos dessa modificação é que os cabelos ficam ainda mais bonitos e volumosos. Já no puerpério, ocorre a diminuição na produção de hormônios e isso faz, entre outras coisas, os fios caírem. Como foi com você nesses dois períodos?
Barbara Thomaz: Não tem muito o que fazer… É a natureza fazendo seu trabalho. Aquele montão de fios que não caíram durante a gestação, finalmente dizem adeus em um curto período e eu sei que assusta. Não é agradável mas com o tempo tudo se ajeita. Bastante água, boa alimentação, bom humor e paciência! Vai passar!
ATH: Depois que o bebê nasce a vaidade vai para onde? Como funciona esse tipo de cobrança?
Barbara Thomaz: A vaidade fica choramingando, mas é aquela coisa, né… O bebê grita mais alto! Um banho longo e pacífico chega a ser um luxo. Privação de sono brutal, não há forças nem para passar cremes, imagina para malhar? Qualquer saída envolve toda uma logística. No entanto, a prioridade para mim estava clara: viver aquele momento, me entregar às necessidades viscerais de ambas as partes. Nutrir e amar, se envolver, criar laços, conhecer o funcionamento de cada átomo daquele serzinho que só precisa de acolhimento e compreensão.
Então, eu fazia o básico só para me sentir melhor comigo mesma, um make para camuflar aquele pré-sal que se abria embaixo dos olhos e me blindei de paciência porque eles não seriam bebezinhos para sempre. Preferia estar doando minha energia a eles do que a essa questão estética, que pega sim no fundinho do nosso ser, mas que é superficial. Puerpério já é um período muito delicado, sensível e cheio de cobrança, de dúvidas, anseios e medo. Fui me protegendo dessas pressões como pude mesmo com os comentários alheios sobre peso, voltar ao trabalho e afins.
ATH: Quais são as coisas sobre beleza e autoestima durante e pós-gravidez que ninguém te contou e que as mulheres precisam saber? Quais as sinceridades desse tipo que faltam sobre a maternidade?
Barbara Thomaz: As mulheres estão quebrando muitos cantos escuros de sua existência e aprendendo a não ter vergonha de falar e de trocar mais informações sem medo dos julgamentos. O que elas precisam saber e conhecer é o seu corpo. Esse é o princípio de tudo, sua morada, seu prazer e seu direito. Ninguém me contou isso. Aceitar que cada corpo, cada pessoa é um caso e que ninguém deve se comparar o outro é libertador.
A forma como as redes sociais e a mídia funcionam jogam lenha na fogueira da infeliz e descabida competição feminina, com foco em comparações descoladas da realidade porque, na maioria dos casos, se tratam de exceções. No entanto, a loucura da coisa é que as exceções viram o ideal e isso acaba encadeando um ciclo perigoso.
Você terá sua forma alterada radical e esplendorosamente pela natureza e tudo bem. São muitas alterações que ocorrem rapidamente e isso pode gerar uma ansiedade enorme. É normal bater o desespero. Você oscila entre se ver como uma deusa parideira, dona da vida, transbordante de amor e entre uma lesma trevosa e sonolenta que engoliu a bola da grávida de taubaté. Abraça o momento, aceita que nada é para sempre.
Sendo totalmente honesta: faça o que te fizer bem… mesmo! Seja comer um pote de sorvete sozinha, seja uma sessão de massagem, sexo com o/a parceiro/a, fazer exercícios, ser grossa com gente intrometida, esbanjar no decotão… Defenda o seu direito de ser livre, de ser feliz com suas escolhas. Melhor tratamento de beleza antes, durante e depois da gestação.
ATH: Como consegue se organizar para ter um tempo só seu e se cuidar?
Barbara Thomaz: Hoje estou separada do Enricco e optamos por estar o mais próximos dos meninos nesse momento delicado de transição. Então não contamos mais com ajuda de babá, e meus pais não moram na cidade então, a rede de apoio também é curta.
Nos organizamos para que tudo se encaixe no horário escolar ou enquanto eles estão um com o outro. Com isso meu planejamento de tempo mudou bastante, em alguns sentidos ficou mais complexo, porém, hoje tenho mais tempo só para mim, para me curtir, existir em carreira solo e isso teve um impacto muito positivo no meu bem estar e na minha auto-estima. Reintegrar minha individualidade está fazendo maravilhas.

ATH: Há o movimento que defende que as mulheres precisam rever os julgamentos penalizantes com outras mães, o mother shaming. O que você já escutou sobre isso em relação a beleza e que precisa ser discutido já?
Barbara Thomaz: Isso precisa ser discutido para ONTEM! Em primeiríssimo lugar falta muita empatia em lidar com o tema. E vamos assumir que todas nós, em algum momento julgamos outras mulheres sem sequer conhecê-las. Julgamos outras mães, mesmo que internamente, mas julgamos e é sempre bom lembrar: sua visão de mundo, é só sua, ninguém em sã consciência vai se obrigar a viver de acordo com isso.
Hoje tem a mãe que fica em casa, a mãe empresária, a desempregada, a estudante, a mãe solo, a lésbica, a bi, a adotiva, a de aluguel, a adolescente, a mãe solteira, a mãe pobre, a mãe negra, a mãe genética… O próprio sentido de maternidade, de famílias e suas realidades se diversifica, mas o que todas temos em comum é que estamos no hall dos julgamentos. É um sistema implacável, vem de todos os lados.
O que me incomoda pessoalmente falando, além de todos os julgamentos e críticas contraproducentes é que existe muita romantização sobre a maternidade. Ser mãe num mundo pós-moderno onde tudo está se redefinindo, gerando tensionamentos, desconstruções, resgates, avanços e também tristes retrocessos me parece uma encruzilhada agridoce, onde ser mãe é um lugar de muito poder e opressão, auto-realização e sacrifício, reverência e desvalorização, muitos prazeres e muitas dores. É antagônico, e no meio disso: a mulher.
Estamos nos humanizando, nos vendo além de um papel, de um gênero e estamos dizendo que não nos conformamos com restrições e desigualdades. Que, por exemplo, a maternidade não nos define e não deveria. Não somos santas nem heroínas, somos humanos, indivíduos, plenos de vontade, planos, desejos e vida. Donas das nossas escolhas, dos nossos corpos e de nossas belezas individuais. Esse eco é positivo para todas. Julgamento é sofrimento, para quem dá e para quem recebe, aprisiona, é toxico, nos divide e ele vai embora, dá volta no planeta para dar um chute no seu traseiro depois. Nada disso nos engrandece. Exercitar a sororidade é fundamental.
Há tanto o que se discutir com mais prioridade dentro de maternidade e do que significa ser mulher hoje, sabe? Cuidar da gente com bastante carinho sim, nos amar muito mais, aprender a nos enxergar atém da nossa capa. Só assim contamos uma boa história.
ATH: “Espelho, espelho meu”…
Barbara Thomaz: “Ajusto-me a mim, não ao mundo”, Anaïs Nin.
Sugestões de produtos
O All Things Hair recomenda o uso de produtos específicos para cuidar dos fios coloridos como o Shampoo Dove Advanced Hair Series Regenerate Nutrition. O produto, pensado especialmente para os cabelos quimicamente tratados, ajuda a limpar suavemente e a eliminar resíduos que prejudicam a saúde dos cabelos.
Para um resultado potencializado, use o shampoo antes do Condicionador Dove Advanced Hair Series Regenerate Nutrition, que auxilia na hidratação intensa, na nutrição e na reconstrução da fibra capilar de cabelos extremamente danificados por químicas.
Experimente a Máscara De Tratamento Nexxus Emergencée, que promete reconstruir o cabelo fraco e danificado valendo-se de uma intensa fórmula que pode ajudar a reduzir a quebra.