Salões sem gênero: conheça 3 espaços seguros para comunidade queer | All Things Hair BR
donos de salão sem gênero

Salões sem gênero criam espaços seguros para comunidade queer

Fugindo de padrões conservadores e binários, profissionais da beleza fazem as próprias regras em espaços para todes, sem feminino e masculino.

Mudar o visual é uma decisão que muitas vezes leva tempo. E fazer a transformação em um lugar em que você se sinta acolhido e seguro é muito importante, principalmente quando falamos da comunidade LGBTQIA+.

Por isso, contamos a história de três salões sem gênero, que decidiram fazer de seus espaços um local onde todes são bem-vindes.

Sparks cuts

Nascido em Macaé, interior do Rio de Janeiro, Helvio Tavares trabalhava como coordenador em um curso de inglês quando se sentiu sufocado pela obrigação de acordar todos os dias, colocar um terno ou uma camisa polo e esconder sua subjetividade em prol de uma imagem tida como “masculina”.

Buscando mais liberdade, começou a procurar um trabalho que lhe proporcionasse estabilidade financeira sem abrir mão de sua identidade.

helvio do salão sparks cuts
Foto: Acervo pessoal

“Eu me sentia adoecido por essa rotina de usar blusa polo, roupa social, terno. Nessa época vi umas barbearias começando a fazer sucesso no Instagram, com muita gente com tatuagem, piercing, cabelo colorido. Vi que ali existia um caminho que poderia abrir espaço para quem eu sou”.

“Eu tinha que sair desse sistema de trabalho que busca que todos sejam binários o tempo todo, essa cobrança do que é masculino e feminino, de que tipo de cabelo é aceitável. Comecei a cortar cabelo em 2015, e logo abri o meu salão”, conta ele.

Hoje dono do Sparks Cuts, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, o profissional percebeu a carência de espaços queer na indústria da beleza, mesmo quando falamos de salões tidos como “alternativos.

“Aqui eu sempre pergunto o gênero da pessoa, quais pronomes devo usar, e na dúvida uso linguagem neutra. Eu também aboli cortes masculinos e femininos, e o valor é o mesmo. O lugar alternativo também é normativo e eu quero desconstruir isso. Quero um lugar que exalte belezas diferentes, longe dos padrões machistas, sexistas, transfóbicos e gordofóbicos que vemos nessa indústria”, explica Helvio.

Endereço: Rua Alves Guimarães, 327 – Pinehiros, São Paulo (SP)

Peluqueria Furiosa

A representatividade foi o que levou Brune Mantese a abrir o salão Peluqueria Furiosas, em São Paulo. Não-binária, a cabeleireire não se sentia confortável em espaços que, mesmo em 2022, ainda reproduzem conceitos binários e antigos clichês de que cabelos curtos são para homens, e cabelos longos para mulheres.

“Sempre me senti incomodade com essa pressão de ter uma aparência tida como ‘feminina’. As pessoas nos salões sempre queriam me transformar em algo em que eu não me reconhecia. A partir disso, quis criar um espaço seguro para quebrar esse ciclo de violência”.

Brune, da Peluqueria Furiosas
Foto: Acervo pessoal

Além de não seguir padrões binários, a cabelereire tenta desconstruir outros preconceitos, trazendo o racismo, o etarismo e a gordofobia para o centro da discussão.

“Mulheres com mais de 60, por exemplo, vão ao salão e o profissional quer transformá-las na Hebe, com aquele clássico cabelo curto e escovado. Nunca um corte assimétrico, um cabelo colorido. Mulheres gordas também não podem usar cabelo curto porque ‘engorda’ o rosto. Mais de 80% da população tem cabelo cacheado, e mesmo assim tudo é voltado para pessoas de cabelo liso. Essas normativas de gênero sempre se cruzam com raça, com idade, com peso. A beleza, no fim, comunica para 1% da população”, lamenta.

Endereço: solicite por DM no Instagram @peluqueriafuriosas

Salão Paula Garde

Ao lado da sócia Stephani Demczuk, Paula Garde abriu em 2017 o Salão Paula Garde em Campo Grande (MS), um local pensando especialmente para o público LGBTQIA+.

Atualmente, Paula conduz a empreitada sozinha, e sua motivação sempre foi criar um ambiente mais despojado e que não criasse gatilhos emocionais e de violência para pessoas sempre enquadradas em padrões de beleza opressivos.

cbeleireireira Paula Garde
Foto: Acervo pessoal

“Criar um espaço seguro para que os LGBT+ fossem atendidos era fundamental pra nós. Nos sentíamos deslocadas toda vez que buscávamos atendimento em um salão. Nunca foi confortável pra gente”, explica ela, que ainda sente que faltam muitos avanços na indústria da beleza quando o assunto é beleza queer e fora do padrão.

“Acho que muita coisa mudou sobre a diversidade de cabelos. O cabelo com mais volume é mais aceito, vemos muita gente com a cabeça raspada, com cabelos coloridos. Sinto que as pessoas hoje pedem por mais cabelos volumosos, além de uma aceitação do grisalho, algo que sempre incentivo. Mas sobre serem aceitos em espaços tradicionais, pelo menos aqui na minha cidade, ainda falta esse avanço”, afirma.

Endereço: Rua Professor Xandinho, 126 – Vila Antonio Vendas, Campo Grande (MS)

Dificuldades na pandemia

Com a chegada da Covid-19 e o fechamento do comércio por quase dois anos no Brasil e no mundo, pequenos negócios sofreram com a falta de apoio do governo e a dificuldade de conseguir investimentos para se manter de pé.

No pico da pandemia, apenas grandes conglomerados e empresas mainstream conseguiram seguir em frente, e quem mais perdeu foi a diversidade: com pouco apoio e acesso a empréstimos bancários, salões voltados para o público LGTBQIA+ fecharam em massa, e pessoas marginalizadas perderam as poucas referências que tinham de atendimento humanizado.

Preocupade com a Covid-19 e seguindo de forma rigorosa o isolamento social, Brune explica que a criatividade foi essencial para não fechar as portas. “O trabalho de cabelereire faz você ficar numa proximidade muito menor do que um metro e meio. Por muito tempo eu não abri, mantive o salão fechado. Depois fiz modificações numa varanda para atender as pessoas. Abri só em outubro de 2021″.

“Nesse meio tempo, fiz uma coisa que batizei de ‘autocorte teleguiado ciborgue da magia’. Primeiro pensei em gravar tutoriais, mas como cada pessoa tem uma textura de cabelo etc, não ia dar para gravar algo que atendesse todo mundo. Então preferi guiar cada pessoa para conseguir cortar o cabelo de forma individual. Ao todo fiz uns 300 cortes”.

Helvio também enfrentou diversos perrengues, mas conseguiu se manter de pé com a ajuda da rede de apoio da comunidade LGBTQIA+. “Na pandemia foi difícil, mas graças a uma rede de apoio, vendi alguns cupons por um valor mais baixo e fui me equilibrando. Senti muita ajuda das minhas clientes quando precisei”, afirma.

Sugestão de produtos

Manter o cabelo saudável ajuda qualquer corte a ficar mais bonito. Por isso, a nossa dica é investir no Shampoo Love Beauty and Planet Smooth and Serene e no Condicionador Love Beauty and Planet Smooth and Serene no dia a dia para cabelos mais nutridos.

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Texto por Stefanie Gaspar

 

 

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