Para 90% da comunidade LGBTQIA+, cabelo é forma de expressão, aponta pesquisa
Estudo encomendado por Tudo Pra Cabelo, feito pelo Opinion Box, mostra que 90% dos entrevistados consideram que o cabelo é importante na expressão individual. Saiba mais.
O cabelo é uma das formas que temos para nos expressarmos individualmente, mas nem sempre é possível ter o estilo que queremos e isso é ainda mais restritivo quando falamos da população LGBTQIA+. Em pesquisa encomendada por Tudo Pra Cabelo ao Opinion Box, desvendamos algumas barreiras sociais que ainda existem quando o assunto é estética e estilos capilares preferidos desse público.
O cabelo como forma de expressão
Na pesqueisa realizada pelo Opinion Box, a pedido de Tudo Pra Cabelo, constatou-se que 90% dos entrevistados consideram que o seu cabelo seja importante para se expressarem enquanto indivíduos. Enquanto 33% acham que é importante, 57% afirmam que o estilo dos fios é muito importante na composição da sua identidade.
“Meu cabelo é uma extensão da minha personalidade e do meu posicionamento, ele consegue traduzir a quebra de estereótipos e a minha autonomia como pessoa de ter o poder de escolher o que eu quero, seja colorido, raspado, falhado, longo, curto ou tudo ao mesmo tempo”, explica Felipe Lucci, Desenvolvimento de Marcas na Unilever.
Entretanto, muitos ainda se sentem pressionados a abrir mão do seu estilo por conta de padrões estabelecidos pela sociedade.
50% já se sentiu pressionado a mudar o cabelo
Se por um lado o cabelo tem grande importância na identificação do público LGBTQIA+, muitas dessas pessoas se sentem pressionadas a mudar de estilo. A pesquisa, que entrevistou 536 pessoas pelo Brasil, mostra que 5 em cada 10 precisaram alterar o visual por causa de pressões sociais.
“Eu tive muita repressão quando adolescente por querer usar cortes que não eram “para homem”, então durante muito tempo, tive uma vida dupla de usar o corte que eu queria escondido, até o momento em que ganho minha independência e consigo perpetuar minha identidade e suportar com indiferença qualquer tipo de repressão social, pois elas continuam acontecendo, você só aprende a lidar e superar”, conta Felipe.
Os motivos desse tipo de pressão são vários, mas o principal deles é o mercado de trabalho. Dos participantes, 28% sentiram que precisavam mudar de cabelo quando estavam na busca de emprego, por acreditarem que seriam mais aceitos em empresas com um visual padrão.
E não fica por aí: 9% mudaram os cabelos porque a empresa em que trabalhavam pediu, enquanto outros 9% cederam às pressões estéticas por comentários de colegas de trabalho.
Ambiente familiar também influencia
Infelizmente, o espaço corporativo não é o único a pressionar pessoas LGBTQIA+ para se encaixarem em um padrão estético. Na pesquisa, 21% dos entrevistados responderam que mudaram o cabelo depois de comentários feitos por familiares. Outros 21% fizeram a mudança capilar por comentários de amigos e colegas.
É o caso de Ca Guerra, da Coordenação de Criativos da Unilever. “Meu cabelo é muito importante como parte da minha expressão. É o que faz eu me reconhecer no espelho e é especialmente vital para meu conforto psicológico. Já precisei mudar o estilo principalmente por conta de comentários da família, mas não faço mais isso hoje”.
Os estilos capilares favoritos
Entre os gêneros, a preferência de estilos costuma variar, tanto no dia a dia quanto para frequentar eventos, como a Parada LGBTQIA+, que esse ano foi virtual por causa da pandemia.
Cabelo para o dia a dia
No dia a dia, 39% das pessoas que se identificam como homens responderam que gostam de usar o cabelo repartido de lado. Rabo de cavalo foi a escolha do penteado de 30% dos entrevistados que se identificam como mulher. Dos que se consideram não-binários, a escolha foi o black power, com 24%.
Outro dado interessante é que a preferência pelo estilo black power é praticamente a mesma entre os entrevistados que se identificam como mulheres e os que se identificam com homens, com 12,5% e 12,6%, respectivamente.
Look capilar para a Parada LGBTQIA+
Quando o assunto é celebração, os estilos preferidos mudam. A grande maioria, representando 18% dos entrevistados, gosta de estar com o cabelo colorido para esses momentos. Logo em seguida vem o cabelo solto, com 8%, o black power com 6%, liso com 4% e, por fim, peruca com 4% também.
Qual cabelo escolheriam ter por um dia
Por fim, os participantes escolheram qual cabelo gostariam de ter por um dia. O grande vencedor foi o black power, com 14%. Além desse estilo, também foram escolhidos o cabelo longo (8%), o cabelo liso (7%) e o cabelo curto (6%).
Não importa o cabelo que você tenha ou queira ter, o que realmente interessa é como ele faz você se sentir. Independente do gênero com o qual você se identifica, a luta é para que você possa ter o visual que quiser, seja ele qual for.
Para celebrar o Mês do Orgulho LGBTQIA+, Tudo Pra Cabelo lançou a campanha “Permita-se ser”, para exaltar o poder de escolha que cada um deve ter para usar o tipo de cabelo que quiser e se sentir à vontade no momento.
Metodologia: Foram entrevistados 530 pessoas LGBTQIA+ em todo o Brasil, de diferentes classes sociais, entre 18 e 39 anos. Os dados foram coletados entre 28/05 e 07/06/21.