
Dayanne Silva: natação, nutrição, e a busca da vaga para Paraolimpíada
Medalhista nos Jogos Parapanamericanos, atleta conta sobre as dificuldades que teve no começo da carreira, seus sonhos e como o cabelo afeta a sua autoestima.
Antes de começar a nadar, aos 12 anos, Dayanne Silva, atleta do Rio Grande do Norte, nunca tinha entrado em uma piscina, mas tinha certeza de que queria competir. Hoje, com 28 anos, depois de conquistar 3 medalhas nos Jogos Parapanamericanos, sonha em conquistar a vaga para a sua primeira Paraolímpiada. Ela conta para gente da sua história profissional, e claro, como é a sua relação com o cabelo.
Essa entrevista faz parte de uma série de reportagens em homenagem ao Dia do Atleta Profissional, comemorado no dia 10 de fevereiro, e ao Dia do Esportista, celebrado no dia 19. Batemos um papo com 6 atletas profissionais para falar sobre trajetória no esporte, os desafios na vida de quem ganha a vida como atleta, a relação de cada um com seus cabelos e como isso afeta a personalidade, confiança e até performance de um esportista.
Dayanne Silva e o sonho da vaga para a primeira Paraolimpíada
All Things Hair – Como a natação entrou na sua vida?
Dayanne Silva – Quando eu tinha 12 anos, um então amigo da família, que é o Francisco de Assis Avelino, nadador que já é medalhista de outras paraolimpíadas, me conheceu e perguntou qual esporte eu praticaria. Respondi natação, mas eu não tinha nunca nem entrado em uma piscina, nasci no interior do Rio Grande do Norte. Ele disse que conseguiria uma bolsa para mim e foi quando comecei a fazer aula. Dos 13 para os 14 eu já estava em competições escolares.
Considero que a primeira vez que competi profissionalmente foi em 2009, no Parapan juvenil, na Colômbia. Foi minha primeira vez na seleção brasileira, primeira vez que eu saí do país pela natação.

ATH – Quais foram as suas maiores dificuldades como atleta?
DS – O início foi muito difícil por causa da falta de equilíbrio dos membros superiores na água, mas consegui deslanchar logo porque eu queria competir, desde o início essa era minha meta. Sabia das dificuldades, mas via um montão de pessoas com deficiências diferentes nadando, então eu achava que ia conseguir, do meu jeito, mas ia. Mas não imaginava que ia conseguir nadar tanto tempo e ainda treinando bem. Hoje já tenho 16 anos de carreira e não imaginava chegar a isso, até porque o sonho do meu pai era eu me formar [na Universidade]. Para mim, eu até poderia conseguir ser atleta profissional, mas só por alguns anos e parar. Na minha cabeça era isso, mas hoje eu ainda não penso em parar.
Mas as maiores dificuldades sempre foram a financeira, de patrocínio, de incentivo mesmo. Meus pais não tinham condições de bancar muita coisa, então era mais o que dava, por associação que eu fazia parte da época quando ela conseguia dar alguma ajuda em termos de suplemento ou passagem aérea para competições, era mais ou menos dessa forma. Material para natação é muito caro… eu pontuo como uma dificuldade financeira mesmo.
O ir e vir também era complicado. Eu morava a duas horas do meu treino, então eram duas horas pra ir, duas horas pra voltar de ônibus. Isso foi até de 2013 quando eu mudei pra Uberlândia (MG) e fui integrar uma equipe e comecei a ter remuneração, aí eu já fui contratada. Foi justamente nessa fase que eu fiz os meus melhores resultados e bati mais recordes.

ATH – Como foi crescer com deficiência? Você se sentia diferente?
DS – Eu sou a 5ª filha, a mais nova entre os meus irmãos, mas sempre fui criada como eles. Por isso aprendi a fazer tudo sozinha desde sempre. Com o esporte isso foi ainda maior porque eu passei a morar sozinha, aprendi a cozinhar, a limpar a casa… como eu tive todo essa aporte dos meus pais, principalmente da minha mãe e da minha irmã mais velha, sempre fui aprendendo a fazer as coisas que eu precisava fazer.
Não me sentia diferente em casa e nem na escola porque eu fui muito de me impor. Eu morava em uma cidade pequena, então todo mundo me conhecia, ninguém me desrespeitava, não tinha bullying. Quando passei a estudar em uma escola em Natal, aí foi um boom maior porque eram muito mais crianças e que nunca tinham visto uma pessoa com deficiência, mas como eu escrevia igual a eles, brincava igual a eles, então para eles não tinha diferença. Todo mundo brincava junto. Sempre fui muito querida.
Minha mãe sempre me dizia: você só não tem os braços, mas você não é diferente de ninguém. Isso até me emociona porque quando ela falava essas coisas se segurava para não chorar. Depois que eu comecei a nadar tiveram muitos episódios de crianças chegando até mim querendo ver a medalha, querendo me abraçar, todo um carinho. O quanto o esporte transforma, né?
ATH – Você se considera uma pessoa vaidosa? Como é a sua relação com o seu cabelo?
DS – Por ser atleta, eu particularmente não me considero vaidosa, mas eu me considero cuidadosa. A cada dois meses vou ao salão fazer escova progressiva, tento hidratar, todo aquele processo. E tenho os cuidados normais diários de lavar, deixar ele secar naturalmente.
Meu cabelo natural é cacheado, mais aberto e volumoso. Resolvi fazer progressiva porque me dá praticidade no meu dia a dia e fica mais fácil para pentear por causa da minha deficiência. Comecei com 18 anos, quando a minha mãe deixou, e depois surgiram as opções sem formol, que são as que eu faço hoje.

ATH – A gente sabe que o cloro é um produto que costuma prejudica os fios. Você sente isso nos seus cabelos?
DS – Sinto que meu cabelo fica mais ressecado. Percebo que a progressiva já não dura tanto tempo porque acho que o cloro tira ela mais rápido e também porque preciso lavar os fios com maior frequência. A piscina que eu nado hoje não é só tratada com cloro, é com ozônio também, então não prejudica mais tanto o meu cabelo.
ATH – E qual é a importância do cabelo na sua autoestima?
DS – Eu acho que tem muita importância, principalmente quando você é atleta e lida com a sua imagem. O cabelo está totalmente interligado ao seu rosto. Muitas vezes quando as pessoas estão com a autoestima baixa, elas vão no salão cortar o cabelo e já faz a maior diferença. Quando você se olha no espelho muda muita coisa ali. Acho que o cabelo não é só um fator estético, mas um fator emocional também que entra na parte psicológica da pessoa.
Comecei a deixar meu cabelo ficar bem grande por causa da minha colação de grau daqui um ano. Estou fazendo faculdade de nutrição.
ATH – O que você ainda sonha em conquistar na sua carreira?
DS – O que falta no meu currículo é a Paraolimpíada. E é esse o sonho que me move, uma vaga na Paraolimpíada. E não falo nem de medalha porque acho que isso é consequência, mas a vaga é o que eu almejo. Vou fazer todos os dias o meu máximo para estar lá.
Sugestões de produtos
Tem cabelo com progressiva assim como a Dayanne? A nossa dica é investir na linha TRESemmé TRESplex, que tem máscara pré-shampoo, shampoo e condicionador, que ajudam a deixar cabelos com química saudáveis.