Mariana Santarem: “O pontapé inicial para minha autoaceitação foi ter parado de ter me trajar para os outros”
Leia a entrevista com a youtuber Mariana Santarem. Está incrível!
Uma verdadeira lição de autoaceitação e sinceridade. Conheça a youtuber Mariana Santarem que não apenas aborda temas como cabelo, maquiagem e beleza, mas traz à tona temas importantes da sua vida pessoal para alertar as pessoas sobre autoimagem e autoconhecimento. Leia nossa entrevista e se emocione com esse relato pessoal, sincero e verdadeiro.
ATH entrevista Mariana Santarem
All Things Hair: Mari, como era sua relação com seu cabelo? E como é hoje em dia?
Mariana Santarem: Costumava ter um relacionamento muito estrito com meus fios, mas há uns cinco anos eu senti a necessidade deles serem castanhos e longos para me sentir bonita e feminina. Era uma visão bem fechada e nem diria que clássica, mas sim presa às minhas próprias inseguranças de fazer algo muito radical e me arrepender. Foi só depois de muita experimentação com make e roupas que tive coragem de cortar curtinho. E foi libertador! E apenas graças ao corte curto senti que poderia fazer algo como descolorir e ter mechas rosas… que foram crescendo, se expandindo, até hoje serem basicamente um ombré.
Atualmente os fios são a extensão final da libertação que tenho sobre meu próprio visual. Eles foram a minha fronteira final. É quase engraçado que tive coragem de tatuar a pele antes de mudar os fios, mas o fato é que foi mais difícil me livrar da ideia do visual clássico (que ainda acho lindo e por isso tenho uma peruca no estilo do meu cabelo castanho antigo) e finalmente assumir o sonho que tinha desde os quatro anos de ter um cabelo com cor fantasia. Me sinto mais “eu”. É como se fosse para já ter nascido assim: com o cabelo rosa.
Cuidados com o cabelo
ATH: Você atualmente está com um cabelo rosa maravilhoso. Como você cuida dele?
Mariana Santarem: Muita máscara de nutrição, de hidratação e reconstrução. Sempre falo que cabelo descolorido, seja fantasia ou loiro, não combina com gente preguiçosa (risos). Muita gente me pergunta como mantenho ele saudável, especialmente sendo fininho, mas creio que o segredo esteja na manutenção e na hora do próprio processo da descoloração.
Meu cabeleireiro é quem faz porque eu jamais teria coragem de fazer sozinha. Se a pessoa tem, que use produtos de altíssima qualidade, um protetor de cutículas (parte externa) e esteja preparada para acontecer eventuais desastres. Se mesmo com profissionais treinados já ouvimos histórias mal sucedidas… Sei que tem muita gente que realiza o processo em casa e tem o cabelo bonito, mas até hoje ainda prefiro colocar a mão no fogo pelos que estudaram anos para ganhar seus certificados. Nos meus fios, que são aqueles de bebê, nunca tivemos nenhum corte químico, nem emborrachamento, nem nada do gênero.
Em casa, uso leave-in sempre saindo do banho. Gosto de usar em spray mais próximo da parte de cima e uso os em creme só embaixo. Óleos são amor e uso não apenas no dia que lavo, mas nos seguintes também para dar mais carinho nas pontas. Evito utilizar calor nos fios, durmo com eles em tranças para não embaraçar ou em tocas de cetim.
Noivado e penteados favoritos
ATH: Você recentemente revelou que está noiva. Parabéns! Já tem em mente como vai usar o cabelo? Coloração e penteado.
Mariana: Obrigada! Estou super feliz. É uma sensação maravilhosa achar alguém que queremos passar o restante das nossas vidas. Sei que quero um penteado meio-preso porque adoro ter uma parte dos fios emoldurando o rosto e definitivamente a cor será um cor de rosa mais frio – não muito salmão, mas nada muito roxo também. Já considerei fazer um penteado de princesa mais contemporâneo.
ATH: Quais penteados você adora fazer nos fios?
Mariana: Tenho três opções preferidas: cabelo mais vintage, que tem como base os pin curls (técnica retro que se faz antes de dormir utilizando grampos ou bobes, que cria cachos perfeitos e sem calor). Nesse campo, temos os victory rolls baixinhos (os laterais são meus prediletos), meio presos com laços, rabos de cavalo altos com cachos e presilhas e o pompadour.
Já a minha versão um pouco mais “princesa soft” prefere cachos mais soltos, tiaras delicadas, meio presos com grampos menores, tranças laterais (a estilo espinha de peixe é minha preferida). Por fim, quando me sinto mais anos 80 e colorida, gosto de um cabelo com muito volume de cachos ou um liso com rabo de cavalo e presilhas coloridas. E na dúvida, sempre coloque um chapéu e deixe seus cachos soltos!
Mariana e os unicórnios
ATH: Você é fã assumida de unicórnio. Como você faz o cabelo de unicórnio? Ensina pra gente!
Mariana Santarem: Agora vou passar vergonha: coloco o Spotify no aleatório de músicas pop de Drag Queen, pego minhas tintas fantasias prediletas (Lime Crime Unicorn Hair ou Special Effects), misturo uma máscara branca e aplico no cabelo inteiro usando luvas. Deixo agir por duas horas para a cor pegar bem e não precisar retocar por muito tempo. Se eu quiser misturar, eu simplesmente escolho mechas aleatórias e vou na fé. A magia acontece, como todo bom unicórnio.
ATH: Você está sempre animada e alegre em seus vídeos? De onde busca essa fonte de alegria?
Mariana: Sempre gosto de pensar nas pessoas que irão me assistir e na energia que quero passar para elas. Quantas vezes já não encontrei uma seguidora e ela me disse que se sentia melhor por ver meus vídeos? Então, quero que minha presença na internet seja um abraço reconfortante, uma presença amiga. Não vou fingir que a vida é um mar de rosas, mas irei sim mostrar que mesmo na dificuldade podemos olhar com positivamente e aprender algo da situação. Acredito de todo meu coração que existe uma razão para as mais difíceis provações. Precisamos acreditar, do contrário: a guerra já está perdida. E não acredito em perder a guerra, especialmente quando tenho tantas pessoas maravilhosas me assistindo pelas quais vale a pena lutar.
Depressão e bipolaridade
ATH: Em um dos seus vídeos você fala sobre bipolaridade e depressão. Conta pra gente um pouco sobre isso.
Mariana Santerem: Desde minha infância fui uma pessoa de polos opostos. É engraçado pensar como cheguei a culpar isso com ser canceriana, com tpm, com tal acontecimento… Mas tantas vezes não havia o que culpar. Um incrível mal estar ou desespero entrava no meu coração. Ou, então, uma energia exuberante não me deixava quieta. Durante anos pareceu que a energia que não me deixava dormir por mais de 20 horas era meu “eu” e que o mal estar era drama, mas no começo da adolescência vieram certas situações traumáticas e, com elas, gatilhos que trouxeram comportamentos como auto mutilação, distúrbios alimentares e pensamentos que foram deixando o mal estar e o desespero maiores. Assim, os lados já discrepantes foram crescendo e se tornando cada vez piores.
A situação sempre foi de altos e baixos, mas eu fui diagnosticada com depressão e tratada erroneamente para ela durante anos – isso só piora o quadro de bipolaridade. Foi necessário um episódio muito grande chamado de misto – onde meu humor mudava rapidamente de um para o outro – para que um médico começasse a fazer as perguntas certas. Nessa altura, eu já havia sido internada três vezes por problemas relacionados ao Transtorno Afetivo Bipolar.
Existem muitos estigmas envolvendo a doença: que é loucura, que é drama ou que somos disfuncionais. Nada disso é verdade. É, sim, complicado. Existe uma certa instabilidade constante, mesmo medicada e com cuidado constante, mas ela é significantemente menor. Gosto de pensar que ter passado por toda essa jornada me tornou muito mais empática não apenas com todos que sofrem de transtornos neuroatípicos, mas também com as pessoas. Sei como é me sentir uma estranha até mesmo para mim mesma, então tento me esforçar para acolher os outros ao menos na minha presença para que eles não se sintam tão sozinhos ao enfrentarem o mundo.
Autoaceitação
ATH: Você acredita que a estética pode ajudar na autoaceitação? Como você buscou a sua?
Mariana: Definitivamente, as pessoas têm o hábito de se olharem no espelho e verem primeiro o que menos gostam em si. É necessário muito treino para redirecionar a visão para que comecem a prestar atenção ao que mais gostam e, depois, resinificar aquilo que consideram “defeitos”. Esse processo não é rápido, mas pode ser ajudado através de encontrar seu próprio estilo, fazer pequenas mudanças por si mesmo, ouvir sua voz interior e cuidar de si com prazer sabendo que você merece essa satisfação.
Para mim, apesar de sempre ter sido vaidosa, o pontapé inicial para autoaceitação foi ter parado de ter me trajar para os outros. Eu sempre queria estar bonita para a visão de tal namorado, por exemplo, ou conforme o grupo de amigas. Se elas andavam todas com a camiseta mostrando a barriga, eu usava mesmo que preferisse vestidos. O rapaz gostava só de preto? Eu escondia minhas blusas rosas. Olhando para trás, dá vontade de me sacudir (risos).
Entrei em um caminho próprio ao ficar solteira por dois anos e ao perder alguém que considerava uma grande amiga. Ter tempo de autorreflexão pode parecer triste, mas foi maravilhoso pois precisava nos conhecer antes mesmo de conhecer o outro. Quando finalmente tive a chance de rever quem eu era, me tornei uma amiga e companheira melhor para todos que entraram depois na minha jornada pois encontraram ali uma Mariana muito mais sincera.
Próximos passos
ATH: Pensa em novas mudanças capilares?
Mariana: No momento, estou vivendo uma fase de querer ter um “cabelo de sereia”, rosa e comprido. Até onde vou deixar crescer? Até onde eu achar que caiu bem! Sei que em um dado momento irei enjoar e cortar, e aí o plano é a parte que for cortada ser pintada de castanho e doada. O que sobrar preso na cabeça continuará colorido até onde o horizonte atingir. Me vejo no futuro como uma velhinha com cabelo arco íris (risos).
Fora isso, estou naquele dilema: corto franja ou não? Eis aí uma pergunta para a qual ainda não tenho a sabedoria de responder. Talvez um dia os unicórnios me brindem com o dom de descobrir se isso é uma boa ideia ou não.
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