Cabelo no trabalho: a relação entre preconceito e o estilo dos fios | All Things Hair BR
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TPC Opina: meu cabelo não tem nada a ver com o meu profissionalismo

Entenda como a discriminação no mercado de trabalho atinge o cabelo e a vida de mulheres pretas. Veja o depoimento de uma profissional e tire dúvidas!

O estilo do nosso cabelo transmite parte da nossa personalidade, porém, para muitas de nós, isso significa sofrer discriminação estética. Estamos falando de mulheres pretas, que ainda sofrem preconceito no mercado de trabalho por conta dos seus fios cacheados ou crespos.

Para falar um pouco sobre a sua história pessoal e de como lidar com esse tipo de situação no ambiente corporativo, conversamos com Nathalya Nascimento, Chefe de recrutamento e Co-fundadora na Anywhere.

A presença feminina no mercado de trabalho

Segundo dados do Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, existem 47,9 milhões de mulheres trabalhando ativamente, sendo mais da metade delas mulheres pretas — cerca de 22,3 milhões.

Com tamanha força de trabalho feminina, isso significa a que há menos preconceito estético e racial com mulheres pretas? Infelizmente, não. O estudo nos mostra que, apesar de estarem ativas no mercado, elas recebem apenas 46,3% do rendimento financeiro de um homem branco.

Além de também fazerem parte dos maiores índices de mulheres desalentadas — pessoas que gostariam de trabalhar, mas que desistiram de procurar porque acreditam que não vão encontrar oportunidade.

Dados que vão de encontro com a visão sobre o mercado de trabalho para mulheres pretas da Nathalya.

Para a profissional, “a desigualdade salarial e empregatícia afeta diretamente a vida das mulheres pretas, sendo resultado de um sistema estrutural que privilegia pessoas brancas e homens em detrimento de outros grupos sociais”, explica.

Sistema que usa elementos da aparência como cabelos, pele e traços físicos como itens discriminatórios nos processos seletivos para vagas que não sejam de subempregos e que tenham melhor remuneração.

A aparência e o cabelo também podem ser um fator de discriminação no processo de recrutamento, o que é ainda mais preocupante, pois a seleção de um candidato deveria ser baseada em suas habilidades e qualificações, e não em características físicas ou culturais.

Preconceito esse que a Nathalya vivenciou e que hoje tenta promover um ambiente de trabalho diverso e inclusivo.

A profissional de recrutamento com especialização em tecnologia, conta que trabalhou por cinco anos como Tech Recruiter em Consultoria de Segurança da Informação e se apaixonou pela área, decidindo ir mais longe.

“Larguei tudo e decidi embarcar para o outro lado do mundo e fazer dois anos de estudos em São Francisco, Califórnia. Ao retornar e retomar minha carreira no Brasil, tive a oportunidade de trabalhar em grandes empresas”.

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Foto: Arquivo – Nathalya Nascimento

Atualmente, já de volta a São Francisco, Nathalya conta que já presenciou o preconceito em diversos momentos de sua carreira.

“Lembro-me de quando iniciei minha carreira e estava trabalhando em uma vaga para uma liderança. Um dos melhores candidatos tinha cabelo black power, mas o líder da vaga disse que não o contrataria por essa razão. Infelizmente, esse foi apenas um dos casos que vivenciei”, explica.

Mercado de trabalho X Negritude

A discriminação no ambiente de trabalho vem acompanhada do racismo e do machismo, sendo alguns dos fatores que tornam o mercado ainda mais difícil para mulheres pretas.

Para Nathalya,”infelizmente a transição no mercado de trabalho é mais fácil para mulheres que se encaixam nos padrões estereotipados, mesmo que pareça absurdo. Infelizmente, esse é um reflexo da realidade atual”.

Essa realidade, levou a profissional procurar procedimentos para alisar os fios, na busca de tentar ser mais aceita.

Durante minha jornada profissional, alisei meu cabelo por muitos anos, pois não queria que as pessoas percebessem que eu era negra. Era como se ter o cabelo liso me tornasse mais branca e facilitasse minha jornada.

Ela ressalta que essa questão não se limita apenas ao ambiente corporativo, mas afeta diversos aspectos da vida, incluindo relacionamentos pessoais.

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Foto: Arquivo – Nathalya Nascimento

“Por muito tempo, eu senti que precisava me comportar como uma mulher branca por medo de que a minha negritude afetasse minha carreira. Eu evitava tudo o que estivesse ligado à minha negritude, com receio de que isso pudesse prejudicar minha trajetória profissional”, conta.

E completa, explicando que apesar de não sofrer mais com a pressão, graças a uma carreira estável, ainda resta uma cicatriz pelo preconceito sofrido no passado.

“Reconheço que esse aspecto me causou muita dor ao longo do caminho, e por isso meu foco agora é curar essas feridas que surgiram ao longo da jornada”.

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Foto: Arquivo – Nathalya Nascimento

FAQ: mais detalhes sobre aparência para o ambiente de trabalho

Quando falamos sobre exigências de empresas com relação a cabelos, unhas ou até maquiagem, você sabe o que pode ou não ser considerado discriminação estética? Explicamos abaixo!

A empresa pode exigir cortes de cabelo específicos?

Não! Claro que em casos de serviços ligados à alimentação, por exemplo, por questões de higiene, podem exigir o uso de prendedores de cabelos e touca. Entretanto, o corte em si dos fios é uma escolha exclusivamente sua e não pode se tornar motivo de demissão.

Podem me obrigar a usar maquiagem?

Depende. Caso o empregador se responsabilize pelos custos da maquiagem, ele pode pedir. Assim como manicure, o patrão deve custear o serviço e produtos utilizados, se ele exigir que a funcionaria esteja com as unhas feitas.

O que as leis trabalhistas dizem sobre exigências na aparência pelo empregador?

Em geral, o patrão não pode descriminar o funcionário por questões relacionadas a tatuagens, cor de pele, textura dos fios, corte de cabelos, orientação sexual, identidade de gênero ou idade.

O máximo que pode ser pedido por parte do empregador é a proibição de acessórios e unhas grandes para quem trabalha na área da saúde, retirada da barba para homens que trabalhem com alimentos ou outros tipos de exigências baseadas na busca pela higiene e segurança na realização do trabalho.

O que fazer em caso de discriminação?

A profissional explica que, em teoria, algumas empresas possuem processos estruturados para isso. Alguns caminhos poderiam ser:

  • Falar com o time de RH;
  • Denunciar no canal de ética;
  • Falar com a liderança.

Infelizmente, às vezes esses canais não funcionam, então se a situação estiver insustentável comece a buscar um novo desafio onde você possa se sentir mais pertencente. Não tenha medo de se movimentar para cuidar de você e não desista. Lembre-se que você é valiosa e merece ser tratada com respeito.

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