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Cabelo importa: professor viraliza com música para valorizar todos os tipos de cabelo
Depois de fazer sucesso nas redes sociais com os seus alunos cantando "O meu cabelo é tão bonito", uma de suas músicas, Allan de Souza quer levar a mensagem antirracista com o seu show pelo Brasil.
Crescer amando todas as suas características, inclusive a curvatura do seu cabelo, é essencial para as crianças. Isso ajuda a formar adultos com autoestima e orgulhosos de serem quem são. Boa parte desse trabalho é feito em casa, pelos pais, mas a escola também tem um papel fundamental nisso. E é essa história que queremos contar.
Recentemente, o professor Allan de Souza, da rede estadual do Rio de Janeiro viralizou com um vídeo em que canta para os seus alunos “O meu cabelo é bem bonito”, música criada por ele para empoderar as crianças através dos seus cabelos naturais.
A repercussão foi tanta, que Allan começou a rodar escolas públicas pelo Rio e nasceu então a MPBIA (Música Popular Brasileira Infantil Antirracista), com um repertório completo. Tudo Pra Cabelo conversou com o profissional que relata para a gente a história desse movimento e a importância disso para os pequenos.
“O meu cabelo é bem bonito”, sim!
Viralizada nas redes sociais, a música “O meu cabelo é tão bonito”, criada por Allan, é uma celebração dos diferentes tipos de cabelo. Desde o amarelo e bem lisinho do João até o do Ricardo, que é crespinho e natural, como diz a letra.
“A ideia surgiu a partir de uma conversa com a professora regente da turma, que tinha me pedido pra trazer alguém que também pudesse fazer um trabalho antirracista com as crianças, no entanto, em vez de trazer alguém, eu mesmo resolvi criar uma canção para trabalhar com elas essa questão”.
A música não foi a única criada pelo professor nesse momento, mas acabou como a escolhida para trabalhar as questões com os alunos. “Depois de escrever três letras, escolhi ‘O meu cabelo é bem bonito’ e comecei a trabalhar com eles, que prontamente se identificaram com a mensagem”, conta.
O sucesso foi tanto que o professor precisou de pouco tempo trabalhando com a música até que as crianças decorassem a letra e, finalmente, gravassem o vídeo que é sucesso na internet.
“Elas se identificaram de cara com a mensagem, super curtiram a ideia. É interessante que todas as vezes que puxo ela na aula para cantar, a empolgação deles meio que triplica e elas cantam com uma vontade absurda. Ela foi tão bem digerida pelas crianças, que eu demorei apenas duas semanas trabalhando a canção até fazer o vídeo que viralizou nas redes”, explica.
De ‘O meu cabelo é bem bonito’ para a MPBIA
Com a aceitação tão boa das crianças, Allan se deu conta de que havia espaço para mais. E assim começou a trabalhar em um repertório completo. “Após a repercussão do viral de ‘O meu cabelo é bem bonito’, senti a necessidade de transformar esse single em algo muito mais completo. A partir disso, comecei a pesquisar e a escrever outras canções, pois percebi que há uma lacuna enorme na música infantil brasileira no que toca às questões étnico raciais”.
E esse repertório resultou em um giro com a Música Popular Brasileira Infantil Antirracista por mais escolas públicas pelo Rio de Janeiro. “Com mais algumas canções criadas, decidi fazer uma tour pelas escolas públicas do Rio levando esse repertório inédito, com fins de ser mais um instrumento na luta antirracista do país. Depois de toda essa leitura do que estava desenvolvendo na educação e na cena musical brasileira, cheguei à conclusão de que esse era o nome perfeito para conceituar esse movimento, que é mais que música e cultura, MPBIA (Música Popular Brasileira Infantil Antirracista) é cura”.
E Allan não está sozinho nessa. “Esse movimento conta com 10 pessoas, entre músicos, produtores e equipe de apoio, que ajudaram a gravar o primeiro disco, intitulado ‘Música Popular Brasileira Infantil Antirracista Volume 1’, que será lançado em novembro”, adianta.
“Não tenha medo, se olhe no espelho”
O resultado desse trabalho, além da reação positiva das crianças na escola, é também demonstrado por mães que percebem a diferença nos seus filhos.
“Para mim é prazeroso demais saber que estou, de alguma maneira, contribuindo para fortalecer essa questão em crianças tão pequenas, sinto-me extremamente feliz quando recebo mensagens das mães dizendo que a minha música ‘salvou’ a vida de seus filhos, pois eles antes não se aceitavam como são, mas depois que conheceram o meu trabalho musical, passaram a ter uma autoestima muito melhor do que antes”, conta.
“Isso não tem valor, nem nada no mundo que substitua, essa satisfação em saber que são belos, fortes e que seus traços têm uma origem muito nobre é indescritível”, afirma Allan.
E apesar de hoje ajudar crianças a se amarem como são, a relação de Allan com o seu cabelo na infância não era assim. “Era uma relação de restrição, zero liberdade, ou seja, ele era bom quando estava cortadinho, pois aprendi desde cedo que cabelo de menino preto ter de ser baixinho. Lembro de um tio, já falecido, que o apelido dele era ‘Bom Cabelo’, e ele era uma referência pra mim, assim como seu cabelo, que estava sempre bem cortado no melhor estilo Eddie Murphy em ‘Um Tira da Pesada'”, relembra.
“Posso dizer que meu cabelo tinha sempre um limite, que se passava um pouco eu já me deixava mais triste. Somente no final da adolescência que comecei a deixá-lo crescer”.
![homem negro sorrindo sentado em cadeira](https://st4allthings4p4ci.blob.core.windows.net/allthingshair/allthingshair/wp-content/uploads/sites/2/2023/10/133938/allan-de-souza-2.jpg)
Música Popular Brasileira Antirracista para adolescentes e adultos também
Depois do sucesso com as crianças, Allan decidiu que também queria trabalhar questões antirracistas por meio da música com adolescentes também. O movimento só cresce!
“Tenho um trabalho musical de rap voltado para os jovens do segundo segmento e do ensino médio, que hoje denomino como Música Popular Brasileira Antirracista (MPBA) e esse trabalho aprofunda mais as questões relacionada ao racismo e suas variáveis, abordando temas como apropriação cultural, genocídio do povo negro, masculinidade negra, empoderamento da mulher negra, enfim, em breve sairá um álbum com esse mesmo título”, revela o professor.
MPBIA rodando o país!
Quem estiver interessado no trabalho musical de Allan pode entrar em contato. “Não só escola, mas qualquer um que queira levar a MPBIA para o seu evento, festival ou programação cultural infantil, pode entrar em contato pelo nosso Instagram @m.p.b.i.a ou pelo emepebia@gmail.com que a gente tá pronto para rodar o país com essa mensagem”, finaliza.