Cabelo importa: a cultura e o pertencimento na história da trança nagô
No mês da consciência negra, a historiadora e especialista em História e Cultura africana e afro-brasileira, Denise Santos, nos faz mergulhar nas origens e importância da trança nagô na humanidade
Quem vê as tranças nagô por aí fica impressionado sobre como são estilosas e transformam o visual, mas nem imagina toda história que está por trás desse penteado que é símbolo de luta e resistência na cultura afro.
E para entender como surgiu a trança nagô na história da humanidade e tudo o que ela representa, conversamos com a historiadora e especialista em História e Cultura Africana e Afro-brasileira, Denise Santos, que nos conta mais sobre representatividade e a importância da múltipla estética negra na sociedade atual.
A importância dos cabelos nas heranças culturais
O cabelo sempre foi visto como um símbolo muito forte de representatividade na nossa sociedade e, em diferentes movimentos da humanidade ao longo dos anos, se perpetuou muito além da questão estética mas, principalmente, cultural.
E a trança nagô faz parte da herança dos primeiros povos africanos que, além de usar os cabelos como uma forma de embelezamento, também tinham nos fios uma forma de ressaltar a sua religião, cultura e comunicação, como Denise Santos nos conta:
Segundo Raul Lody (2004), a história do cabelo dos africanos e afrodescendentes, por meio dos penteados, como as tranças, aborda a cabeça como uma união do mundo contemporâneo e a ancestralidade. O autor afirma que a cabeça é um espaço simbólico e, dessa forma, cuidar do cabelo é um ritual que a pessoa vivencia nela própria e com seu grupo.
No Brasil, mulheres e homens que foram sequestrados na Costa dos Escravos (áreas costeiras dos atuais Togo, Benim e Nigéria, na África Ocidental) foram chamados de nagôs pelos colonizadores, falavam Yorubás e tinham uma cultura muito rica. No que tange aos penteados, a característica marcante foi a trança nagô (trança alinhada ao couro cabeludo).
Qual é a história da trança nagô?
A trança nagô é muito forte na cultura afro pois foi um instrumento de resistência histórica e cultural dos africanos e descendentes.
Denise conta que as tranças eram usadas em casamentos, festas, funerais, mas também usadas por africanos escravizados que viam nos desenhos feitos na cabeça pela trança as rotas de fuga para os quilombos.
Ou seja, na cabeça eram desenhadas mapas com rotas de caminhos para os quilombos, pois a característica dela principal é ser feita rente ao couro cabeludo e, dessa forma, pode ter várias estruturas e ‘desenhos’.
As tranças nagô carregam consigo toda essa memória cultural e, ao longo dos anos, com todas as batalhas enfrentadas contra narrativas racistas, principalmente as mulheres, possibilitou que outros significados fossem trançados nessa história.
Hoje, a cultura afro e as tranças nagô estão ainda mais em evidência, não só pelos penteados e estilizações, como também para mulheres negras que nunca puderam sentir a liberdade de seus cabelos naturais e usam as tranças como um suporte durante a transição capilar.
A trança nagô e suas múltiplas vertentes são símbolos de empoderamento político para nós, mulheres negras.
- Denise Santos, Historiadora
“Uma trajetória ancestral linda em que muitas pessoas lutaram para estarmos aqui”
Desde as trancistas, que dia a pós dia se profissionalizam e reverenciam a cultura negra por meio dos penteados, até todas as mulheres pretas e antepassados que ressignificaram a história para que pudéssemos contar sobre as tranças nagô hoje, são responsáveis por um empoderamento político e social muito importante.
Como diz o ditado africano, ‘O rio, quando esquece onde nasce, seca e morre’. É por isso que temos que ter o conhecimento da nossa história, dos feitos dos nossos ancestrais e de toda a nossa resistência. Por fim, escrever sobre estética dos corpos negros é trazer à tona as trajetórias individuais e coletivas, é abordar sobre autoestima, valorização, representatividade, enfrentamento, política e
empoderamento a fim de ampliar o conhecimento sobre as relações étnico-raciais.
- Denise Santos, historiadora.
Trança nagô e um mundo de possibilidades
Com uma cultura muito rica e anos de existências, os trancistas desenvolveram diferentes técnicas para fazer as tranças nagô, bem como estilizações e desenhos especiais para não só embelezar o visual, como também ressignificar toda uma história sociocultural estética e política das mulheres negras.
E como não se inspirar em diferentes formatos de desenhos geométricos, florais, que podem ir desde o começo da testa até a nuca. E esse é outro lado muito mágico da trança nagô: o mesmo penteado te permite sempre ter o cabelo diferente.
Quem adota a trança nagô nos cabelos sabe todo o peso cultural que carrega consigo, como também os cuidados que se precisa ter com um penteado que fixa preso a raiz, e com a raiz exposta.
É o indicativo perfeito para reforçar o cuidado e nutrição dos cabelos, principalmente quem busca na trança nagô uma forma de ajudar no crescimento dos cabelos. Aposte em produtos como óleos vegetais, com umectação até mesmo na raiz dos cabelos, além de produtos que sejam pensados para o seu tipo de fio.
TPC indica: nossas sugestões para as trançadas
Nossa sugestão para as crespas e cacheadas que apostam na trança nagô como o seu penteado oficial são shampoos mais nutritivos, como da linha texturas reais de Dove. Olha só:
Shampoo Dove Texturas Reais Cacheados: opção para as cacheadas das curvaturas 3A, 3B e 3C que querem as suas tranças limpas, mas sem danificar e ressecar os cabelos.
Shampoo Dove Texturas Reais Crespos: desenvolvimento especialmente para limpar os fios das curvaturas 4A, 4B e 4C, esse shampoo é perfeito para não deixar o seu couro cabeludo ressecado.