#ChooseToChallenge: histórias de mulheres que desafiaram o padrão | All Things Hair BR
ilustração de mulheres empreendedoras

#ChooseToChallenge: Mulheres contam como escolheram desafiar o padrão

Neste mês em que se celebra o Dia Internacional das Mulheres, trazemos toda semana depoimentos de mulheres que desafiam padrões machistas estéticos e profissionais para poderem trabalhar com o que elas escolheram. Inspire-se nessas histórias.

Muitas vezes, gostar de uma determinada área ou assunto e escolher isso como profissão, não é tão simples assim, principalmente se você é mulher. Sim, estamos em 2021 e ainda há preconceito e desvalorização do trabalho feminino em determinados ambientes por não serem considerados “coisa de mulher”.

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, que tem como tema esse ano o #ChooseToChallenge, traduzido em português como “escolha desafiar”, conversamos com algumas mulheres que contam como desafiam os padrões machistas profissionais e estéticos da nossa sociedade para fazerem o que gostam. Toda semana vamos trazer depoimentos inspiradores novos!

#ChooseToChallenge: personagens novas a cada semana

Para começar a nossa homenagem às mulheres, essa semana temos o depoimento de Andreza Delgado, cocriadora da PerifaCon e de Ester Sabino, professora associada do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Andreza Delgado, cocriadora do PerifaCon, a primeira Comic Con das favelas (@andrezadelgado_)

mulher com cabelo curto crespo cosa
Foto: reprodução | Instagram @andrezadelgado_

“Trabalhar com o universo nerd e do entretenimento – na verdade, com qualquer coisa que as mulheres se disponham a fazer – é desafiador. Nossa cultura é muito machista no sentido de ver mulheres à frente de determinados projetos.

Uma das coisas que mais sinto dificuldade é ter poder de voz. Trabalhar com entretenimento é, às vezes, esbarrar em homens que estão há muito tempo nesse mercado. E também há a barreira da idade: quando você é muito jovem, tentam te desqualificar por conta desse fator.

Desafiar essas barreiras, para mim, é continuar fazendo o meu trabalho. Uma das coisas que percebi nos últimos tempos é que, se eu der muita atenção pra essas barreiras, vou acabar ficando mal e não entregando as coisas que preciso fazer.

Por isso, digo para sempre acreditar na parada que você quer. Pode acontecer de sermos descreditadas e acharem que existe um homem por trás do seu trabalho, quando, na verdade, é você que está na linha de frente. Das maiores lições que ficam, é não desistir. É se dar essa oportunidade.

Ocupar espaços é um grande desafio para nós, mas, mesmo assim, é legal quando você percebe que acaba influenciando outras mulheres para bem. Elas pensam ‘putz, se ela conseguiu, eu consigo também’. Esse retorno é muito maravilhoso.

Minhas escolhas estéticas também acabam sendo um grande desafio do ônus de ser uma mulher negra. Gosto de usar bastante cores e isso é uma grande questão. Mas, como disse, o que não é desafio, né? Percebo muito essas coisas do cotidiano que acabam machucando, mas ao mesmo tempo eu decidi criar barreiras. Já não escuto mais aquela piada, já não me afeta tanto. Derrota, para mim, seria ter que mudar meu estilo para ser aceita”.

Ester Sabino, professora associada do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da USP e líder do primeiro sequenciamento genético do novo coronavírus (@estercsabino)

ester sabino, professora da faculdade de medicina da usp
Foto: divulgação

“A área de pesquisa em que eu trabalho, na biomedicina, é composta mais por mulheres no Brasil. Mas eu diria que todas precisam acreditar mais em si mesmas e ter menos medo de se arriscar. Em geral, a aparência é muito levada em conta em determinadas situações. Então, essa pressão sempre existe principalmente para quem tem cabelos crespos ou volumosos como os meus”.

Thauane Medeiros, atleta profissional de xadrez e representante da equipe olímpica do Brasil (@thaugremista)

Thauane Medeiros, jogadora de xadrez
Foto: Reprodução | Instagram @thaugremista

“Estar nesse meio é difícil principalmente no começo, quando você olha ao redor e vê poucas mulheres. Durante minha infância, tinha que jogar sempre contra os meninos na escola – e o pior era quando você vencia e os amiguinhos zombavam de quem perdeu, falando ‘nossa, você, perdeu para uma menina!’.

E ainda ouvia outras coisas, como ‘perdi porque me desconcentrei, ela é bonita’ ou ‘deixei ela vencer pois sou cavaleiro’. Diante de cenários como esse, digo que as mulheres não devem desistir e nunca baixar a cabeça.

Somos mais fortes do que imaginamos e, aos poucos, temos conquistado espaços que nem imaginaríamos ocupar. Então, seja qual for a dificuldade enfrentada, uma hora chegaremos lá!

Outro grande preconceito é achar que quem joga xadrez não tem vaidade. Sou muito vaidosa, estou sempre mudando a cor do meu cabelo e amo maquiagem. Já ouvi muitos homens querendo proibir roupas com decote ou o uso de shorts pois não conseguiria enfrentar uma mulher no xadrez, já que isso ‘tiraria sua atenção’. Eu sempre fui de quebrar estereótipos e ser do meu jeito, aceita quem quer”.

Niny Magalhães, humorista (@ninymagalhaes)

humorista niny magalhães
Foto: reprodução | Instagram @ninymagalhaes

“Eu vim de relacionamento machista, já trabalhei em locais em que só eu era mulher, então tenho com essa bagagem de experiência. Mas não era fácil antes, também não é agora. Escolhi por muitas vezes ignorar comentários e olhares altivos até ter espaço e mostrar a que eu vim, sabe? E quando falo, eu me refiro também à plateia. Tem pessoas que não esperam, de verdade, que a gente seja engraçada como um homem ou mais do que eles.

Descobri que tenho mais valor do que eu imaginava quando, no final de um show, uma mulher me aborda e me diz o quanto foi bom se ver e se identificar comigo.

Eu trabalho e cuido de três filhos. O tempo que sobra é o que consigo dedicar à comédia – é menos do que eu gostaria. Ser mulher, com todas as funções que temos, apenas por ser mulher, já é o desafio real.

Uma vez eu trabalhei num local que exigia cabelo chapado e uniforme. Já pertenci a uma denominação religiosa em que as mulheres tinham que ter cabelo comprido e os lisos eram os mais admirados. A escola também me fez sentir obrigada a alisar meu cabelo.

Tem quatro anos que iniciei minha transição capilar e foi um misto de sensações, situações e questionamentos a respeito da decisão de usar o cabelo natural, julgamentos como acharem que eu estava depressiva ou mudado de orientação sexual, por exemplo”.

Vivi duarte, CEO do Buzzfeed Brasil e Fundadora do Plano Feminino e Plano de Menina (@vi_duarte)

vivi duarte, fundadora do plano feminino
Foto: reprodução | Instagram @vi_duarte

“Sempre achei que era problematizadora dentro das empresas em que eu trabalhava porque todos os lugares em que eu levava esse assunto, sobre gênero, representatividade, havia um silenciamento. Levava esses insights para mesa e eram sempre invalidados. Não entendia que era machismo, achava que era uma linha criativa minha que não estava funcionando.

Até que resolvi sair desses espaços e levar a minha por meio dos meus projetos, hackeando o sistema, criando minha rede de contatos e mulheres poderosas que foram essenciais para o meu crescimento. Os maiores desafios sempre foram o machismo e aprendi que é preciso impor sua voz numa reunião de negócios para que você seja ouvida com respeito

Quando a gente fala de cabelo, os cachos são novidade pra mim, assim como o fato de me reconhecer negra, que só aconteceu aos 36 anos. Meu bisavô era negro, mas meu pai é branco, com olho azul. Minha mãe é uma mistura de negros com libaneses, tem a pele clara, sempre alisou o cabelo, não tem traços negroides. Eu ouvia que era morena jambo, por causa do ‘biso’ negro. Sempre alisei o cabelo e nunca ninguém me falou ‘você é negra’. Quando me entendi como negra passei a utilizar meu cabelo natural em qualquer ambiente”.

Thayse Rodrigues, eletricista (@thaysee_)

engenheira elétrica thayse rodrigues
Foto: reprodução | Instagram @thaysee_

“Meu início de carreira foi desafiador, mas isso nunca me impediu de conquistar o que eu mais queria, que era me aperfeiçoar cada dia mais na área em que eu sempre gostei e tive curiosidade de aprender. Sempre recebi conselhos de que eu posso estar onde eu quero.

O maior desafio mesmo foi a subestimação. Sou muito vaidosa, gosto de cuidar de mim, gosto de estar sempre bem comigo mesma e esses cuidados fizeram com que muitas pessoas não acreditassem no meu potencial na prática. Certa que é o meu primeiro desafio, sei que encontrarei muitos obstáculos, mas a vontade de crescer e quebrar algumas barreiras que ainda existem na área da elétrica não me desanima. Pelo contrário, encontro mais força para mostrar que nós, mulheres, temos capacidade suficiente de estar onde queremos, independentemente da área ser predominada por homens ou não.

Então, nunca se limite pelo o que as pessoas acham: só você mesma sabe qual é o seu limite! E mesmo que achar difícil, tente uma, duas ou três vezes. Não há nada mais gratificante do que mostrar que mesmo não conseguindo, você tentou.

No quesito cabelo, foi a partir dessa vaidade que tenho que começaram as críticas referente a área que eu escolhi, e com o meu cabelo não foi diferente. No início isso me pressionava um pouco, mas ao decorrer dos conhecimentos adquiridos eu aprendi que, por questão de segurança, seria melhor eu tirar meu mega hair e mudar.

Mas nunca a questão de mudar para ser aceita. O meu dilema é mostrar para as mulheres que nosso lugar é a onde queremos e que mesmo com responsabilidade e segurança, nós podemos, sim, nos cuidar e não deixar de lado a nossa vaidade feminina.”

Simara Conceição, desenvolvedora na ThoughtWorks, professora da Reprograma e criadora do Podcast Quero Ser Dev (@simara_conceicao)

programadora e desenvolvedora simara conceição
Foto: reprodução | Instagram @simara_conceicao

“Quando a gente ensina algumas linhas de código para uma mulher, a gente mostra como ela pode ter autonomia real. Sempre vai ser muito além do que codar! E foi somente por isso que eu virei desenvolvedora, professora de programação e foi por isso também que o podcast/comunidade quero ser <dev> nasceu.

Eu quero ser um pouco melhor cada dia, pra que eu possa cada vez mais aprender a ler para ensinar meus camaradas.
Para as mulheres, digo: encontre uma comunidade pra fazer parte. Construir relacionamentos e rede de apoio vai te ajudar em toda sua jornada. Desde tirar dúvidas do código, chorar pitangas, indicar pra vagas e até fazer grandes amigos/amigas pra vida toda! Você não precisa encarar tudo isso sozinha!

Sobre meu cabelo, em 2009, quando mudei para o Rio de Janeiro e trabalhava numa imobiliária na Barra da Tijuca, me pediram para “soltar os cachos”. Na época, eu apenas não queria perder o emprego e cedi. Hoje, eu nego qualquer convite para trabalhar em empresas que não tenham um programa explícito de diversidade. Recentemente, eu iniciei como desenvolvedora na Consultoria Global ThoughtWorks e me orgulho muito por estar num lugar que me valoriza exatamente como sou com todos os meus atravessamentos”.

Maitê Schneider, cofundadora do Integra Diversidade e do Transempregos (@maitheschneideroficial)

empreendedora trans maitê schneider
Foto reprodução Instagram @maiteschneideroficial

“Toda conquista de espaço é um desafio, ainda mais quando os caminhos se fecham por conta de certas condições, de ser mulher em uma sociedade extremamente machista, de ser uma mulher trans, então todas essas excludências fazem com que os caminhos sejam cada vez mais difíceis. Mas, ao mesmo tempo, nos torna muito mais potentes de nos conhecermos melhor. As dificuldades do caminho fazem com que a gente crie uma resiliência, uma capacidade muito grande de inteligência emocional, de adaptabilidade para gerir esses acontecimentos e, ao mesmo tempo, a gente cria uma série de atalhos de maneira inteligente, com novos caminhos e novas possibilidades.

Eu sempre falo que como lição a maior força que a vida me deu foi justamente apontar as minhas fraquezas dizendo: ‘você não vai conseguir isso’, ‘você nao é capaz’, ‘você não é competente’ e ‘isso não é para você’. Ela me apontou tantas fraquezas que essas mesmas fraquezas eu tomei hoje como as minhas maiores forças. A vida me virou do avesso e eu descobri que o avesso pode ser meu lado certo quando eu quiser. Hoje eu viro, desviro e ensino outras pessoas a se virarem e desvirarem e a descobrir suas essências porque só quando a gente descobre de fato quem a gente é, é que a gente vai saber o que quer da vida. Porque senão ela vai fazendo da gente o que deseja e muitas vezes não é o que nós queremos.

Eu nasci Alexandre e pari a Maitê, que sempre esteve dentro de mim. Então, para mim, cabelo sempre foi uma questão difícil. Quando eu tinha que tirar centímetros do meu cabelo, ainda como Alexandre, mesmo me sentindo totalmente um ser estranho, era um choro. Depois eu já entrei para o teatro, que me abriu possibilidades de mudança. Quando eu era criança, fazia a toalha de cabelo, de vestido. Minha criatividade sempre foi a mil. Sempre que eu tenho alguma mudança radical que eu quero fazer na vida, com certeza eu mudo o cabelo antes. Já tive todas as cores, todos os tamanhos e agora estou há dois anos loira, mas fui morena muito tempo na minha vida, gosto dessas mudanças. Já fiz tudo o que você possa imaginar. Para mim, mudar o cabelo, assim como mudar a maquiagem, faz com que eu me sinta preparada para uma nova fase dizendo: ‘venha! venha que o novo vai abrir novas portas’. Muita gente considera o cabelo a moldura do rosto, eu considero que é uma moldura, mas que me expande, não que me limita. Então, para mim, mexer no cabelo é ter pontos de virada da minha vida que vão me dar um novo horizonte. Eu amo fazer isso”.

Sugestão de produtos

Se tem uma coisa de que todo mundo precisa nos cabelos é de hidratação. Por isso, a gente sugere lavar o cabelo com o shampoo e condicionador Seda Joias do Sertão Hidrata Muito.

Shampoo Seda Joias do Sertão Hidrata Muito
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Para complementar os cuidados, uma vez por semana, invista também na Máscara Capilar Seda Boom Hidrata.

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