Com apoio da mãe, irmãs superaram preconceito e hoje inspiram outras meninas | All Things Hair BR
Mãe e filhas sorriem, abraçadas. Elas são negras e usam tranças em seus cabelos e duas das filhas são albinas

#AmoMeuCabelo: “Minha mãe ensinou que meu cabelo é a herança dos meus ancestrais”

Com apoio da mãe, irmãs superaram preconceito e hoje inspiram outras meninas

Felisberta Gomes nasceu em Guiné-Bissau, na África, e sempre viu cabelos crespos sendo celebrados e enfeitados. Mas encarou uma realidade diferente no Brasil, ao ver que suas filhas, nascidas aqui, sofriam preconceito e tentavam esconder seus fios.

Conversas diárias e lições de autocuidado foram o ponto de virada para que Sheila, 17, e as gêmeas Lara e Mara, 16, superassem o bullying e ainda descobrissem a força e o poder de seus cabelos.

As garotas, que antes tentavam se esconder, hoje são modelos (inclusive com trabalhos internacionais) e tentam empoderar outras garotas em seu perfil no Instagram.  Elas aprenderam a se orgulhar de seus cabelos crespos e contam do papel da mãe, que é cabeleireira, teve nesse processo.

Abaixo, mãe e filhas contam como essa relação de amor e respeito pelo cabelo foi construída.

Empoderamento de mãe pra filhas 

 

Mãe posa para foto rodeada pelas três filhas adolescentes. Elas são negras e duas das meninas são albinas
Felisberta Gomes e suas filhas, Lara, Mara e Sheila. Foto: Luca Oliva/Divulgação

 

Mara: “Meu cabelo é como se fosse uma coroa para mim e eu tenho muito orgulho dele. Mas, para construir isso, eu passei, infelizmente, por muitos momentos que me marcaram bastante.

As pessoas faziam muitos comentários ofensivos e eu ficava muito chateada. Por um tempo, usei touca ou chapéu para esconder o meu cabelo, porque eu tinha medo das pessoas rirem de mim.

 

Minha mãe sempre me disse que a gente tem que se gostar, porque ninguém vai fazer isso pela gente. Então eu comecei a ter muito orgulho do meu cabelo.
Mara Bawar

 

Gosto muito dele e minhas tranças, para mim, são um sinal de força, resistência e mostram minha cultura e minha ancestralidade”.

Lara: “Algumas pessoas faziam muito bullying, zoavam nosso cabelo. A gente ficava muito mal, eu ficava super triste, chorava e sempre tentava esconder meu cabelo.

Minha mãe sempre conversava com a gente e dizia que nosso cabelo é lindo, um símbolo de força e que eu deveria ter orgulho do meu cabelo também.

 

Ela me ensinou que meu cabelo é uma herança dos meus ancestrais, é como se fosse uma conexão que eu tenho com eles. Então, eu tenho que amar muito meu cabelo. Ele é o que eu tenho para me conectar com os meus antepassados.
Lara Bawar

 

 

Hoje minha relação com meu cabelo é muito forte. Com ele eu me sinto mais bonita ainda. Eu amo muito meu cabelo e gosto de estar sempre mudando ele”.

Sheila: “Minha mãe teve uma conversa de que me lembro até hoje: que eu deveria pensar se eu ia querer me adaptar pelas coisas que as pessoas falavam ou pelo que gosto de ver em mim. E isso foi fundamental para eu pensar o que eu queria no meu cabelo e como eu o via.

 

Agora minha relação com o meu cabelo está sendo reconstruída.
Sheila Bawar

 

Porque, por mais que eu o ame, aquela fase (de bullying) que eu passei ainda faz com que, quando não estou num dia bom, eu ainda bote defeito nele. E aí tenho que ficar refletindo e tentar vê-lo da forma que ele realmente é: bonito!

Quando a gente era pequena não tinha boneca de cabelo crespo, porque era muito difícil de encontrar. Minha mãe chegou a procurar em diferentes lojas, mas não tinha. Geralmente achava bonecas negras sem cabelo, aquelas bebês. E, quando tinha, era sempre muito caro. Agora nós temos, cada uma tem uma boneca com aparência Idêntica à nossa”.

Felisberta: “A minha relação com meu cabelo é de amor, de fortaleza e de empoderamento. Na África a cultura é diferente daqui no Brasil. Lá as mulheres sempre usaram os cabelos naturais. O máximo que as pessoas fazem é enfeitar e colocar várias cores, poucas pessoas alisam o cabelo por lá.

No momento que elas estavam passando por tudo isso (bullying) eu me sentia incapaz de ajudá-las. Mas eu sempre tentei fazer de tudo para elas enxergarem a beleza do cabelo e pele delas. Sempre falei que elas são o máximo do jeito que elas são: bonitas, inteligentes e, mais do que isso, que elas tenham certeza de que são amadas. E que nunca se sintam por baixo”.

 

Tenho orgulho delas e sinto que consegui passar o que elas deveriam ter sentido desde o começo. Hoje, alguém falar do cabelo não as afeta mais, porque elas entenderam o significado do cabelo para nós. 
Felisberta Gomes

 

De alvos de preconceito a inspiração para outras meninas

Lara: “Eu achava que as pessoas faziam bullying comigo porque o albinismo era algo errado. E foi por causa disso que abrimos o Instagram, pra representar outras pessoas albinas que não se sentiam muito representadas pela mídia”.

Mara: “Além de comentários maldosos sobre minha pele e cabelo, as pessoas às vezes evitavam conversar comigo e ficar perto de mim. O processo de reconstrução foi bem tranquilo, graças às conversas que a gente sempre teve com a nossa mãe. É por isso que hoje a gente gosta de inspirar as pessoas no nosso Instagram, para elas terem orgulho da própria aparência e estarem felizes consigo mesmas”.

Sheila: Na fase em que a gente não estava aceitando nosso cabelo, pedíamos a ajuda da nossa mãe para mudar e ela dizia ‘ok, vamos mudar, vamos fazer isso ou aquilo no seu cabelo, mas não significa que ele é feio. Significa que ele fica mais bonito de diferentes formas’.

É isso que a gente tenta passar, principalmente no nosso Instagram, para as pessoas que nos seguem. Que seu cabelo pode ser bonito de diferentes formas e do jeito que você quer”

Ser cabeleireira ajudou mãe a construir a autoestima das filhas

Felisberta: “Eu já mexia com cabelo desde pequena, porque, na África, isso já faz parte da cultura. Na minha família, minha avó ensinou para minha mãe. Minha  mãe arrumava o meu cabelo e o dos meus irmãos, e foi assim que eu aprendi. Eu já fazia trança, enfeitava o cabelo, e, quando cheguei aqui no Brasil, vi que isso poderia ser uma profissão.

Mas quando eu fui procurar trabalho em salão, me falaram que eu precisava ter um curso.  Fiz as aulas mesmo já sabendo lidar com cabelo. Depois de um mês eu consegui emprego e aí eu virei uma trancista profissional.

A minha profissão também ajudou bastante as meninas a lidarem com o cabelo com amor. Eu que cuido do cabelo delas desde pequenininhas”.

“A profissão da nossa mãe é uma profissão que reconstrói a autoestima, que dá apoio para as pessoas. Olha a importância disso!”
Mara Bawar

 

Lara: “Nossa mãe sempre nos incentivou a inspirar e a sermos inspiradas. Ela sempre quis que a gente gostasse muito do nosso cabelo, que víssemos que ele é muito lindo de várias formas – trançado, solto, de vários jeitos. Então, ela sempre mostra pra gente que, independentemente da forma como o nosso cabelo estivesse, sempre iria ser lindo pra gente”.

Sheila: “A profissão da minha mãe vai além de fazer o cabelo das pessoas, vai além da estética. Ela ajuda a preservar e a reconstruir a autoestima das pessoas.

Eu lembro de uma cliente dela que, depois de fazer o cabelo com minha mãe, começou a chorar. E disse que ela não se via tão bonita há muito tempo. Ouvindo isso, eu lembrei da conversa que a nossa mãe teve com a gente um tempo atrás. E, com o trabalho dela, minha mãe consegue demonstrar o carinho que ela tem pela gente e nos ensinar o autocuidado”.

Dicas de cuidados com as tranças

Felisberta: “Para fazer trança a gente leva mais ou menos um dia inteiro, de 5 a 6 horas, dependendo do tamanho. Para cuidar, é preciso lavar com shampoo só na raiz, com o produto já diluído na mão, para espalhar melhor. Também precisa secar bem com secador, para evitar umidade.

Para refazer, dá para ser a cada 6 meses, mas geralmente as meninas nem ficam isso tudo, sempre me pedem um novo visual. A cada um mês e meio ou dois a gente tira e faz de novo. Mas nas minhas clientes dura até 6 meses. Também não pode deixar passar muito tempo, senão ficar bem difícil para tirar, porque embaraça muito com o passar do tempo”.

Rotina de cuidados

Sheila: “Quando eu vou tirar as tranças, geralmente um dia antes ou no dia mesmo, fico horas na frente do espelho, faço hidratação, fico olhando os cachinhos, fico penteando para cima.

É muito bom, porque eu tinha uma dificuldade muito forte de aceitar meu cabelo. E, quando eu vejo que eu estou tentando, fico feliz comigo mesma. Gosto de falar ‘uau, cresceu tantos dedos’ ou ‘caraca, ele tá ficando mais cacheado’. Então eu tiro o dia inteiro para ficar reconstruindo essa minha relação com ele na frente do espelho”.

Lara: “O cuidado que eu mais gosto é lavar. Quando eu acabo de tirar a trança, ele fica bem armado e eu não consigo enxergar os meus cachos nele, mas na hora que eu lavo aparecem todos! Eu gosto de ficar fazendo cachinho com o dedo também, quando ele tá molhado”.

Mara: “A parte que eu mais gosto é depois da lavagem. Eu tento fazer vários penteados no meu cabelo e gosto muito!”

Felisberta:  “Geralmente, tiro meu cabelo no sábado à noite para poder ter um tempo no domingo para poder cuidar dele. Eu gosto de deixar com creme praticamente o dia todo lá hidratando, porque quando ele fica trançado, ele resseca mais. Então preciso cuidar, para ele não quebrar.

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