Vanessa Rozan em evolução: cabelo curto e a construção da beleza e autoestima feminina
O All Things Hair entrevistou Vanessa Rozan, uma das maquiadoras mais famosas do Brasil. Confira o bate papo sobre cabelo e beleza feminina.
Vanessa Rozan é uma das maquiadoras mais importantes e amadas do país. Só no Instagram são mais de meio milhão de seguidores ávidos por suas aparições e dicas de beleza. Ela também é uma das apresentadoras do programa Esquadrão da Moda, do SBT e do canal Meu Glitter, minha vida, onde transmite de maneira descomplicada e totalmente bem humorada a real sobre truques de make e a viabilidade deles para a vida real.
A maquiadora é uma complexa equação entre talento, carisma e sensibilidade. Aos 36 anos, Vanessa trilhou uma sólida carreira fruto de estudo e muito trabalho e que tem tudo para ir ainda mais longe. Formada em Comunicação Social e Artes Plásticas, ela tem pós-graduação em Semiótica Psicanalítica e mestrado em andamento na área de Semiótica e Comunicação.
Com projetos voltados para os estudos femininos, as suas produções investigam o corpo da mulher em diferentes meios: já analisou capas de revistas femininas brasileiras e agora observa o mesmo objeto dentro do Instagram, onde analisa alguns perfis específicos. O All Things Hair conversou com Vanessa Rozan sobre seus cabelos curtos e a construção da beleza e autoestima feminina. Confira o papo na entrevista abaixo:
ATH: Por causa da sua profissão, a gente acha que pode imaginar a sua relação com maquiagem. Mas como seria com os cabelos?
Vanessa Rozan: Fiz um curso técnico de cabelo no Senac, em 2001. Isso me deu base para entender como os profissionais de cabelo trabalham. Gosto muito de observar como fazem a construção de um corte, de um penteado, mas sei que não é a minha pira. Como tenho cabelo (!) e trabalho dentro da indústria da beleza, acabo testando alguns estilos que me agradam mais. Não tenho apego algum: já fui loira por um dia e não aguentei, já tive cabelo bem curtinho, cabelão, franja mini, bob, repicado, ondulado. Gosto de mudar o cabelo.
ATH: Dá para contabilizar quantos tipos de cortes e cores você já teve ao longo da vida?
Vanessa Rozan: Ixi, não! Na infância, meu pai cortava meu cabelo, sempre no formato de cuia. Depois ele ficou mais longo e com franja. Na adolescência, mantive ele ultra longo, na faculdade cortei bem curtinho. Depois, fiz umas luzes (horrorosas por sinal), daí mantive na altura dos ombros por um tempo. Quando entrei no Senac para os cursos de beleza, tanto o de maquiagem, quanto o de cabelo, dei uma boa testada em tudo: descolori total e deixei bem repicado e curto, depois curto bem batidinho e por aí foi. Quando engravidei, ele estava bem curtinho e decidi deixar crescer. Nesse processo abracei diversos cortes: cuia, depois um chanel Louise Brooks e, quando me dei conta, ele estava muito longo. Hoje, vejo as fotos de um, dois anos atrás e nem acredito! Quando cansei do cabelão – que dá um trabalhão! – eu recomecei a cortá-lo. Nesse processo de experimentação contínua, primeiro na altura dos ombros, depois mantive um bob geométrico e sem franja, todo igual, testei minha versão cacheada e por agora ele está bem curto de novo.
ATH: Como é ter cabelo curto? O que te motiva na escolha do corte?
Vanessa Rozan: Pesquiso bastante e gosto dos tipos mais geométricos. Em geral, sempre tenho um ou dois cortes que poderia fazer já (risos). Para isso serve minha pasta do Pinterest só sobre cabelos que eu teria.
ATH: Mulheres de cabelos curtos são frequentemente questionadas sobre os motivos que as levaram a abandonar os fios longos. Dentre os dilemas que enfrentam no dia a dia, estão comentários de outras pessoas apontando a mudança capilar como se fosse uma medida extrema ou “decisão radical”. Você acha que o discurso sobre ter cabelos curtos sempre caminha na direção de invalidar a beleza e a feminilidade da mulher?
Vanessa Rozan: Oh lord! Muitos comentários desnecessários. Quando cortei bem curtinho, muita gente estranhou no programa Esquadrão da Moda, escreveram em meu perfil do Instagram, uns até pedindo “deixa crescer!”, “você fica mais bonita” etc. Tem que ter o dobro de vontade de ter cabelo curto em países predominantemente católicos e de cultura latina, onde a mulher é vista ou como uma reiteração de santa, ou com carga sexual/de sedução onde o cabelo longo exerce uma função de charme, conquista, um reforço do feminino através do cabelo. Muita gente me pergunta “por que você fez isso?” como seu eu tivesse cometido um grande erro e até aquela célebre frase que diz que “você fica bem de qualquer jeito”, não sei o que é pior, me parece um eufemismo pra fizer que está feia. Muita gente ainda vê mulher com cabelos curtos como a-feminina ou andrógina aqui no Brasil, mas aos poucos eu espero que essa visão mude. Minha própria filha de quatro anos, quando eu cortei bem curtinho, me disse “mas mamãe, agora você tem cabelo de menino?”, e foi muito interessante como isso foi quebrado aqui em casa, a partir de uma discussão interessante de gênero e sexualidade.
ATH: Você foi redescobrindo o seu rosto e/ou seu guarda-roupas à medida que foi encurtando os fios?
Vanessa Rozan: Ah sim! Muda muito. O cabelo muda a moldura do rosto e também o guarda roupa, mas isso não quer dizer que você tem que sair comprando coisa nova. É entender qual a diagramação nova com o cabelo mantendo aquilo que você é. Eu passei a usar acessórios mais delicados, cortes mais simples, e acho que faz parte também do processo de amadurecimento do eu, você vai entendendo o que é para você e o que não funciona. O corte de cabelo impulsiona uma boa limpa no guarda roupa, que é sempre bom e faz parte da mudança que se faz, ou seja, melhora tudo, abre espaço no armário e ventila a nuca também (risos).
ATH: Você tem uma filha de 4 anos (Pina). O que você gostaria que ela aprendesse em relação à beleza, cabelos, autoestima?
Vanessa Rozan: A Pina tem quatro anos. Como ela sempre me viu de cabelos mais longos, quando cortei curto ela ficou um pouco chocada. Tivemos a discussão sobre cabelo, sobre gênero, sobre identidade e acho que foi de extrema importância. Estamos caminhando para um mundo menos rotulado e mais líquido (espero!) e é importante que os preconceitos sejam discutidos e revistos dentro de casa, de preferência bem cedo. Ela estava numa onda de “deixar o cabelo crescer” porque uma amiguinha da escola tem os cabelos bem longos e sem franja, mas depois do meu corte curto, um dia ela pegou uma tesoura de papel e me perguntou se ela também cortava cabelo. Eu disse que sim e ela me perguntou se poderia cortar o próprio cabelo. Ela olhava no espelho e ia cortando. Ficou lindo, cheio de personalidade que é o que a Pina é! Algumas pessoas ficaram horrorizadas, “como você pode deixar uma coisa dessas!”, na escola quando perguntaram sobre o cabelo ela disse “o cabelo é meu, faço o que quiser”, nem preciso dizer que me encheu de orgulho!
ATH: O que você gostaria que toda mulher soubesse sobre cabelo?
Vanessa Rozan: Que ele cresce. Que temos uma vida para testar, se conhecer, mudar, renovar, se alegrar, se surpreender e também, porque não, se arrepender. Faz parte do processo de autoconhecimento. Somos mulheres, nos renovamos todo mês.
ATH: Qual o tipo de produto para cabelo que está te encantando no momento?
Vanessa Rozan: É um leite com vitaminas que espirro nos cabelos molhados, assim que os lavo. Não uso condicionar porque estão curtos e como tenho tendência a oleosidade, prefiro cortar essa parte. Jogo o spray, deixo secar ou “bato” um secador rápido. Shampoo a seco eu sempre amo, com franja ele dá uma bela manutenção na raiz, deixando o cabelo com aspecto limpo por mais algumas horas.
ATH: Você parece ter um caso de amor com franja. Qual é a sua relação com ela e quais tipos de franjas já teve no cabelo?
Vanessa Rozan: Desde pequena sempre tive franja. Como sou teimosa, acho que o fato nascido com um redemoinho na franja e dela ficar sempre espetada, eu nunca pude ter franja retinha retinha ser um tanto de trabalho por trás. Secagem, alisamento, olha! Eu já tentei de tudo. Mas aceitei que ela era assim e resolvi me adaptar a ela. O corte ajuda bem, com uma franja mais pesada, com mais quantidade de cabelo, o remoinho da testa fica escondidinho lá embaixo. Já tive baby franja, franja assimétrica, franja errada (que eu fiz com tesoura aqui em casa), franja virginiana bem certinha, sem franja e até só uma franja, como é hoje, uma franja que dá a volta na cabeça toda. Eu acho que faz uma moldura bonita para a forma do meu rosto, não consigo me separar dela por muito tempo.
ATH: Como é a sua rotina básica de cuidados com os fios?
Vanessa Rozan: A mais simples das simples! Lavo uma vez a cada dois dias. Shampoo com menos química pesada possível, de preferência que dê um pouco de volume, pois tenho cabelo muito fino. Daí aplico o spray de vitaminas e deixo secar ou uso um pouco do secador para deixar a “cuia” mais certinha. No dia que não lavo o cabelo, uso o shampoo seco para uma refrescada na raiz. E mais nada! A vida de cabelo curto tem que ser fácil, fácil, assim sobra mais tempo para meu batom vermelho.
Sugestões de produtos
Mulheres de cabelos curtos precisam cuidar dos fios tanto quanto quem tem cabelos longos. O All Things Hair sugere o uso do Sérum Nexxus Encapsulate Caviar, que contém fórmula com proteína concentrada e complexo de caviar que nutre, trata e devolve a maciez ao cabelo. Se quiser dar acabamento hidratante aos fios, você também pode usar o Serum-in-oil Dove Advanced Hair Series Regenerate Nutrition. Se for usar secador, chapinha ou modelador, não se esqueça de criar uma barreira defensora nos cabelos contra as altas temperaturas com algum protetor térmico. Experimente o Creme Leave-in Nexxus Emergencée.