Depoimento de pessoa com lúpus: conheça a história de Priscila Belchior | All Things Hair BR
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Cabelo importa: “As laces me dão a oportunidade brincar com o visual, de usar o cabelo que quiser e o dia que quiser”

Conheça a história da jornalista Priscila Belchior, que foi diagnosticada com lúpus aos 14 anos e teve perdeu os cabelos por conta da doença. Ela conta como foi se descobrir com alopecia e sua trajetória com essa condição desde então.

Perder os cabelos nunca é fácil, ainda mais quando se é adolescente. Foi justamente nessa época da vida que Priscila Belchior, jornalista de 37 anos começou a sofrer que com uma queda intensa de cabelo.

Depois de investigar as causas, ela descobriu que tinha lúpus, doença autoimune que, entre outras coisas, causa alopecia, que é a perda total ou parcial dos fios.

Para ajudar quem esteja passando por isso ou algo parecido, Priscila conta para a gente a sua história e como ela passou de ter vergonha de sair de casa, a amar brincar de mudar de visual com as suas laces.

Do diagnóstico à aceitação: como é lidar com a alopecia

Descobri o lúpus aos 14 anos, e o primeiro sinal foi a queda de cabelo. Eu tinha um cabelo enorme, cacheado e acho que por volta de setembro de 1999 comecei a notar que estava caindo mais do que o normal. Não dei tanta importância porque eu fazia alguns procedimentos de relaxamento, então achei que fosse por isso.

No fim do ano, fui visitar a minha família em Goiânia e lá passei mal, acredito que por baixa imunidade mesmo. Não lembro exatamente o que tive, mas fui ao pronto-socorro e o médico indicou para que quando voltasse para São Paulo, procurasse por um reumatologista.

Lembro que foi bem rápido o diagnóstico. Sentia algumas dores nas articulações e nessa época eu quase já não tinha cabelo. Estava bem ralo e resolvi cortar.

Foi uma fase bem difícil, já tinha emagrecido muito, não podia mais tomar sol, que eu amava e estava praticamente careca. Mas acho que o pior era não ter ideia de por que entre tantas pessoas no planeta, eu tinha aquilo.

priscila belchior com 15 anos
Priscila Belchior com 15 anos | Foto: acervo pessoal

Tive uma fase de surto no primeiro ano, não saía de casa, não queria ir para escola, chorava todos os dias, aliás, quase toda hora. Lembro da minha mão formigar muito, a ponto de ter que dormir segurando uma luvinha cirúrgica congelada.

Eu havia ganhado uma bolsa de estudos um ano antes e exatamente quando descobri o lúpus, iria mudar de uma escola pública para uma particular. Acho que isso me afetou mais ainda, só conhecia uma pessoa na escola, minha amiga Daniela, e me sentia um patinho feio no meio de toda aquela gente.

Neste ano eu faria 15 anos e iria ganhar uma viagem para a Disney, mas desisti. Não queria mais nada. Estava me achando horrível e não conseguia aceitar porque isso estava acontecendo comigo. Tinha pouquíssimo cabelo, lembro que na festa de 15 anos que acabei fazendo usei um aplique de rabo, mas mesmo assim não me sentia bem.

Com o tratamento, as dores melhoraram e começou a aparecer a mancha característica que eles chamam de asa de borboleta. É uma mancha avermelhada no rosto. Que também me incomodava bastante.

Não lembro exatamente quanto tempo isso durou, sei que os médicos sempre diziam que eu tinha que aceitar a conviver com a doença para melhorar, mas não entrava na minha cabeça.

Para a queda de cabelo, tomei medicações, fiz simpatia, cheguei até a fazer aplicações, mas nada resolvia.

O descobrimento do alongamento e das laces

Depois de um tempo, a mãe da minha amiga, a tia Elizete, perguntou se eu não gostaria de colocar um alongamento e elas foram comigo comprar o cabelo. Foi o início da mudança de chave. Minha autoestima subiu de 0 a 100 em um dia. Eu já sorria mais, voltei a sair e aproveitar mais a vida.

O tratamento do lúpus seria pra sempre, mas havia arrumado uma solução para o cabelo. Porém, com o alongamento eu tinha cada vez menos fios. Foi quando descobri a primeira lace, que na verdade era uma micropele, caríssima. Lembro que paguei em torno de 5 mil reais e ela não durou 8 meses, até porque eu não sabia como cuidar direito.

Voltei a usar alongamento, depois usei uma peruca mesmo, até achar um outro lugar que vendesse lace. Por 1.500 reais, comprei outra que já durou mais tempo e eu já sabia cuidar melhor.

Com o passar dos anos, experimentei laces de cabelo sintético e aí acho que comecei a mudar mais o visual. Hoje posso dizer que já fui morena, ruiva, lisa, cacheada, com tranças… de tudo. E gosto de brincar com isso, virou um vício!

Tenho grupos em redes onde converso sobre laces, vendo algumas antigas ou novas mesmo. E já ajudei algumas pessoas que tinham receio de usar.

priscila belchior com cabelo ruivo
Foto: acervo pessoal

A lace, mesmo sintética, deve ter os mesmos cuidados de um cabelo, como lavar e hidratar. Como uso colada com fita dupla face, tiro de uma a duas vezes por semana para higienizar. Nessa questão dos cabelos, acho que agora estou muito bem resolvida.

As laces me dão a oportunidade brincar com o visual, de usar o cabelo que quiser e o dia que quiser. É um pouco mais trabalhoso, mas como sei que farei isso pro resto da vida, porque o lúpus além de não ter uma causa, também não tem cura, eu o encaro da melhor e mais leve maneira possível.

priscila belchior com cabelo liso loiro

E pra terminar, queria dizer para as pessoas não desistirem e buscaram soluções. Eu recebi um apoio absurdo da minha família e e amigos e hoje procuro transmitir esse apoio às pessoas que precisam.

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